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A possibilidade de viajar no tempo é infinitesimal – mas não nula

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Project Almanac / Paramount Pictures

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Quando se fala em viagens no tempo, quase toda a gente pensa logo no DeLorean prateado, o carro que serviu como máquina do tempo na série de filmes Regresso ao Futuro. Ou até mesmo na Tardis, a nave espacial – que também é uma máquina do tempo – usada por Dr. Who, da série britânica de mesmo nome, para viajar no tempo e espaço.

Mas a questão mais comum é se estas proezas da ficção científica poderiam ser reproduzidas na vida real – se é mesmo possível viajar no tempo.

A possibilidade de viajar no tempo está a ser investigada por cientistas na Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha. Esta equipa faz parte de um projecto maior, um programa de investigação sobre a natureza do tempo, que envolve universidades na Austrália, Estados Unidos, Alemanha, Holanda e Turquia.

Até agora, o que se sabe é decepcionante: a equipa não está a construir uma máquina do tempo em segredo.

Mas estes cientistas estão a analisar algumas grandes ideias, e a levantar questões – não apenas sobre a física, mas também sobre a filosofia e a natureza da realidade.

Nikk Effingham, director do departamento de filosofia da Universidade de Birmingham, lidera o projeto juntamente com Alastair Wilson, especialista, entre outras coisas, em filosofia da física.

E, de acordo com Effingham, “a possibilidade de viajar no tempo é infinitesimal – mas não é impossível”.

Paradoxo do avô

O objectivo da equipa é compreender melhor o sentido do tempo e o sequenciamento – uma grande questão, na qual até algumas ideias que parecem incompreensíveis têm aplicações directas. Por exemplo, pode ser ligada às doenças degenerativas humanas.

O projeto de Birmingham vai também analisar alguns argumentos clássicos contra as viagens no tempo, como o “paradoxo do avô”.

Segundo este paradoxo, se alguém pudesse voltar no tempo, poderia matar os próprios avós e, com isso, tornar impossível o nascimento do viajante no tempo.

Ora, se o viajante no tempo nunca tiver nascido, nunca poderia viajar para trás no tempo para matar os avós.

À luz deste paradoxo, a viagem no tempo é uma impossibilidade.

Warner Bros

A máquina do tempo de H.G.Wells, versão 2002

A máquina do tempo de H.G.Wells, versão 2002

No entanto, alguns filósofos têm um outro argumento: o paradoxo do avô é nulo porque, por inerência, se o viajante existe é porque nasceu e portanto nunca conseguirá matar os avós: a arma encrava, mata a pessoa errada, ou qualquer outro acontecimento evita forçosamente algo que nunca poderá ter acontecido.

Tal aconteceria para que a linha do tempo não fosse interrompida.

Outra teoria é a de que as alterações causadas por um viajante no tempo criam uma cadeia de eventos num universo paralelo, em vez de alterar o mundo original de onde o viajante partiu.

Esta hipótese está relacionada com a teoria dos “múltiplos mundos” que sugere que nós ocupamos apenas uma versão da realidade e que um número infinito de outras possibilidades estão a ocorrer em universos paralelos.

Nesta teoria, um viajante no tempo pode fazer mudanças que vão desencadear novas sequências de eventos em mundos diferentes, sem interromper a linha do tempo original.

Física fundamental

Para Alastair Wilson, que participa no estudo da Universidade de Birmingham, estudar as viagens no tempo é uma forma de analisar questões sobre física fundamental.

Segundo Wilson, esta pesquisa é uma forma de pensar sobre o tempo não como uma maneira de medir as horas e dias, mas como uma dimensão mais parecida com o espaço.

Wilson afirma que, se uma pessoa pudesse viajar com estes conceitos de tempo, entraria numa espécie de portal, um loop temporal, onde poderia viajar e voltar ao mesmo lugar – algo descrito pela física como CTC, “curvas temporais fechadas”.

Mas, questionado se isto algum dia acontecerá, Wilson prefere ser mais realista.

“A nossa física mais avançada neste momento deixa tudo em aberto. Se isso acontecesse, poderia ser em alguma região exótica do universo, algum sítio perto de um buraco negro com altas concentrações de energia. Não é preciso inventar uma máquina do tempo, apenas descobrir um sítio“, conta Wilson à BBC.

Bradford Skow, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), diz que “mesmo que a viagem no tempo seja coerente com as leis da física”, isso não significa que as pessoas possam para já entrar numa máquina e viajar no tempo.

Segundo Skow, os momentos ou experiências do passado são tão reais como as do presente, mas são inacessíveis em qualquer outra parte do tempo.

Skow publicou recentemente um livro a respeito dos conceitos de tempo, “Objective Becoming”, que rejeita a ideia de que o tempo “passa” ou que esteja, de alguma forma, em movimento.

Na sua teoria, Skow defende que passado, presente e futuro existem em simultâneo.

A provar-se a teoria de Skow, a viagem no tempo seria não apenas possível, mas até muito rápida… e económica.

Tempo e experiência humana

A fascinação humana com o tempo também reflecte como ele é intrínseco à experiência do Homem e de todas as criaturas vivas.

O tempo está entrelaçado com os ritmos naturais do dia e noite, com o nascimento e morte, marca e é marcado pelo batimento cardíaco, liga-se às menores unidades da natureza, até à origem do universo.

“Os nossos melhores relógios usam a vibração de um átomo para medir o tempo – um átomo que está a vibrar desde que foi criado, há milhões de anos”, diz Wilson.

Sparco2 / Deviant Art

O tempo é intrínseco à experiência do Homem

O tempo é intrínseco à experiência do Homem

Mas há outro argumento contra a ideia de que a viagem no tempo se possa se tornar possível num futuro distante, mesmo que a tecnologia para o fazer pudesse evoluir dramaticamente.

Se realmente no futuro fosse possível viajar no tempo,  porque é que ainda não encontrámos humanos vindos futuro, que voltaram para nos visitar aqui ao passado?

Mais do que isso, porque é que na realidade não estamos constantemente a ser visitados por turistas do futuro, multidões de viajantes de todas as eras, de todos os milénios posteriores à descoberta da viagem no tempo?

É um argumento de peso, a que os defensores da possibilidade de viajar no tempo têm dificuldade em responder.

Excepto se pensarmos em Leonardo da Vinci, em Nostradamus, em Júlio Verne. E em Arthur C. Clarke.

ZAP / BBC

1 Comment

  1. eu modelos matematicos nao tenho mas a verdade deve estar dentro de nos….!! todos nos temos memorias aprendemos a ler e lembramo-nos nós estamos num teste da escola e lembramo-.nos do que estudamos uns dias atras…estes processos é k têm de ser desvendados o ser humano é uma maquina complexa a natureza duplica a complexidade…!! temos que decifrar este processos e voi la temos a maquina do tempo…!!!

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