Miguel Pereira da Silva / Lusa

Incêndio em Benespera, no concelho da Guarda.
O Governo decidiu este domingo não prolongar a situação de contingência e baixou o nível de resposta aos incêndios para situação de alerta.
A situação de contingência esteve em vigor durante uma semana, mas o Governo decidiu voltar ao nível de alerta após a descida das temperaturas que se verificou nos últimos dias.
O anúncio foi feito pelo Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro. A situação será reavaliada na terça-feira, ao final do dia, para se decidir a manutenção da situação de alerta ou se o país volta a entrar em situação de contingência.
Portugal continental entrou em situação de contingência, segundo nível de resposta previsto na Lei de Bases da Proteção Civil, na passada segunda-feira e na quinta o Governo decidiu prolongar esta situação até hoje.
Este domingo de manhã, o Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, participou num ‘briefing’ no Centro de Coordenação Operacional Nacional, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras.
Depois, reuniu-se, por videoconferência, com os ministros da Defesa Nacional, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, da Saúde, do Ambiente e Ação Climática e da Agricultura e da Alimentação para fazer uma “avaliação das medidas adotadas”, segundo um comunicado do ministério da Administração Interna, e determinar se o nível de contingência se deve manter ou recuar para a situação de alerta.
Antes de entrar na situação de contingência, Portugal continental esteve entre os dias 08 e 10 de julho em alerta, mas depois devido ao agravamento das condições meteorológicas o nível foi agravado.
No sábado, o comandante da ANEPC sublinhou que a situação dos incêndios no país “ainda é extrema”, pelo que ainda estava “a ser avaliada” uma possível suspensão no domingo a situação de contingência.
“Apesar da melhoria das condições meteorológicas, as condições ainda são extremas“, afirmou André Fernandes, num balanço feito na ANEPC.
A situação de contingência, de acordo com a Lei de Bases da Proteção Civil, é um nível intermédio entre a situação de alerta, o nível menos grave, e a situação de calamidade, o patamar mais elevado.
Na última semana, o país enfrentou temperaturas elevados e o dia mais quente foi na quarta-feira, em que quase todos os distritos estiveram sob aviso vermelho, o mais grave emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Também foi na quarta-feira que a ANEPC registou o maior número de incêndios rurais este ano, num total de 193.
90% do fogo em Bustelo dominado
O incêndio que deflagrou no sábado em Celorico de Basto, Chaves, entrou em resolução às 6h45, disse à agência Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Braga.
De acordo com a página na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, mantêm-se no local 78 operacionais, apoiados por 24 veículos para assegurarem os trabalhos de consolidação. O alerta para o incêndio foi dado às 15h48 de sábado.
Já em Bustelo, no concelho de Chaves, o incêndio que deflagrou desde sexta-feira está “praticamente dominado”, em 90% do perímetro, disse à agência Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS).
“Está praticamente dominado, com 90% do perímetro dominado e 10% em operações de extinção com recurso a máquinas de rasto”, revelou a mesma fonte.
O fogo, que teve início pelas 14.45 horas de sexta-feira, na zona da aldeia de Bustelo, entrou em fase de resolução cerca das 2 horas de sábado, mas sofreu uma reativação pelas 14.45 horas.
Este é o fogo que mais está a preocupar as autoridades, tendo mobilizado quase 200 operacionais e mais de 60 veículos. O presidente da Câmara de Chaves estimou em dois mil hectares a área ardida no fogo que terá tido origem num acidente com o pneu de um camião.
“O incêndio bordejou um conjunto de aldeias, desde Vila Meã, Vilela Seca, foi até à Torre de Ervededo, também à Agrela e, mais recentemente em Bustelo. Uma área muito importante, com uma extensão de fogo muito significativa”, afirmou Nuno Vaz aos jornalistas.
Numa primeiro balanço, o autarca socialista referiu que a área ardida rondará os “cerca de dois mil hectares”. “Não há nenhum ferido a lamentar, quer na população quer nos operacionais e isso, de facto, é muito importante registar”, salientou Nuno Vaz.
Foram, no entanto, atingidas “seis a sete casas”, uma de primeira habitação em Vilela Seca, uma outra habitável em Torre de Ervededo, mas onde já não estavam a residir os proprietários idosos, e as restantes eram casas devolutas. Há ainda, acrescentou, o registo de que “terão sido consumidas pelas chamas algumas estruturas de apoio à agricultura, alguns barracões, alguns armazéns e, porventura, algumas máquinas agrícolas”.
O autarca disse que o incêndio poderá ter resultado de “um acidente, de um caso fortuito”, uma informação que frisou que terá que ser validada.
“Terá resultado de um rebentamento de um pneu ao quilómetro seis da A24 e depois, com o contacto da jante com o solo, fez faísca e terá provocado o incêndio. Se assim foi naturalmente teremos que avaliar a hipótese de poder responsabilizar o autor, ainda que não intencional, deste incêndio”, referiu.
Temperaturas voltam a baixar
As temperaturas voltam a baixar este domingo em Portugal continental, com os distritos do litoral a terem valores mais amenos e a deixarem de estar em alerta.
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), há este domingo cinco distritos em alerta laranja devido à “persistência de valores muito elevados da temperatura máxima”, sendo estes Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco e Portalegre, que terão máximas entre os 33 graus e os 40 graus.
Com alerta amarelo continuam Viseu, Santarém, Évora e Beja.
ZAP // Lusa