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Portugal é segundo país da Europa com pior literacia financeira

Portugal é o segundo país da União Europeia (UE) pior classificado em literacia financeira. É urgente que a educação comece cedo e nas escolas.

No dia em que os ministros dos Assuntos Financeiros e Económicos da UE se reúnem na cidade belga de Gante, pela presidência rotativa do Conselho ocupada pela Bélgica, o grupo de reflexão Bruegel publicou um estudo em que releva que, “em média, apenas uma em cada duas pessoas na UE tem conhecimentos financeiros”.

A avaliação teve por base cinco questões sobre juros compostos, inflação, relação entre taxas de juro e preços das obrigações, risco e rendimento e diversificação dos riscos.

Com uma média europeia a 27 Estados-membros de 52% de inquiridos que responderam corretamente a pelo menos três de cinco perguntas feitas, esta percentagem foi de 42% para os portugueses – os segundos piores, só atrás dos romenos.

“Isto representa um baixo nível de conhecimentos financeiros e um obstáculo para os indivíduos investirem nos mercados financeiros”, considera o Bruegel, grupo dedicado a assuntos económicos.

Taxas de juro são “problema” geral

As percentagens mais altas foram verificadas na Finlândia (73%), Estónia (67%) e Dinamarca (66%) e as mais baixas na Roménia (36%), Portugal (42%) e Grécia (43%).

A literacia financeira relaciona-se com o conhecimento e compreensão, mas também com a capacidade de promover a tomada de decisões financeiras.

De acordo com o Bruegel, “os países com maior proporção de pessoas com conhecimentos financeiros têm um maior número de pessoas que poupam e pedem empréstimos a uma instituição financeira, o que indica que os conhecimentos financeiros podem melhorar a inclusão financeira”.

O grupo de reflexão alerta que “as pessoas com mais conhecimentos financeiros são menos frágeis financeiramente, na medida em que conseguem cobrir as suas despesas em caso de perda súbita de rendimentos e estão mais confiantes de que terão fundos suficientes para se sustentarem durante a reforma”.

Neste caso em concreto, do inquérito, “as perguntas mais frequentemente respondidas corretamente pelos inquiridos mediam a compreensão da inflação e a relação entre risco e rendimento.

Contudo, apenas um em cada cinco inquiridos respondeu corretamente a uma pergunta sobre a relação entre as taxas de juro e os preços das obrigações”, especifica o Bruegel – o que prevê aqui um problema geral.

Falta educação financeira nas escolas

No estudo pedido pela presidência belga do Conselho da UE, e ao qual a Lusa teve acesso, os investigadores do Bruegel Maria Demertzis, Mejino Lopez, Annamaria Lusardi e Luca Léry Moffat recomendam que todos os países da UE criem uma estratégia nacional de literacia financeira.

É urgente pôr em prática estas estratégias […] e ajudar a colmatar as lacunas de género e outras lacunas de conhecimento entre os grupos vulneráveis e garantir que a educação financeira comece cedo e nas escolas“, adiantam.

Na tarde desta sexta-feira, durante uma sessão de trabalho na reunião informal dos ministros das Finanças da UE, na qual participa o governante português da tutela Fernando Medina, os responsáveis vão debater a literacia financeira dos cidadãos da UE e como melhorar a participação dos pequenos investidores nos mercados financeiros.

ZAP // Lusa

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