Portugal é o país da UE com reservas de gás mais cheias

Portugal é o país da União Europeia com as reservas de gás mais cheias. A Rússia já começou a fechar a torneira a vários países.

Portugal encontra-se no topo dos mercados da União Europeia (UE) com os maiores níveis de reserva de gás natural. A capacidade de armazenamento está a 100%.

Isto acontece num momento em que a Rússia começa a fechar a torneira do gás a vários países, como resposta às sanções aplicadas a Moscovo pelo Ocidente e ao apoio que os países da Europa têm concedido à Ucrânia.

Segundo os dados mais recentes da plataforma Gas Infrastructure Europe (GIE), que agrega os dados dos países da UE com reservas desta fonte energética, os “stocks” nacionais totalizavam 100% da capacidade de armazenamento.

A Polónia alcança valores quase semelhantes (97%), seguindo-se a Dinamarca (78,73%), a República Checa (74,77%) e a Espanha (72%).

A Alemanha já está a sofrer com a redução do gás russo e a propor a possibilidade de relacionamento energia. Neste momento tem as reservas a 60%.

No lado oposto da lista, posição que Portugal chegou a ocupar em outubro do ano passado, encontram-se a Croácia (27%), a Suécia (31%) e a Bulgária (34%).

Com a Rússia a ameaçar cortar o abastecimento de gás natural, vários países têm tentado encontrar soluções alternativas para reforçar os stocks, de modo a não haver problemas de fornecimento no inverno, altura em que se consome mais gás.

Embora não dependa do gás natural russo, Portugal não é uma exceção, e reforçou o armazenamento em 10 pontos percentuais, face a maio, e em 35, em comparação ao período homólogo do ano passado.

A Redes Energéticas Nacionais (REN) explicou, em entrevista ao Diário de Notícias,  que “os níveis de existências atualmente verificados na infraestrutura do armazenamento subterrâneo decorrem das opções tomadas pelos comercializadores no atual contexto do mercado energético”.

Ainda de acordo com a gestora das reservas nacionais “cada comercializador poderá ter razões específicas, mas este comportamento geral indicia que estarão a ser tidas em conta estratégias de antecipação face às perspetivas de evolução do mercado global de gás”.

O Ministério do Ambiente relembrou que “Portugal vive num cenário de uma maior diversificação de origens de gás, não só quando comparado com o cenário de 2010 com o fornecimento dominado por duas origens [Argélia e Nigéria], mas também com o de vários Estados-membros da UE dado o maior peso do gás natural liquefeito (GNL) no abastecimento de gás natural”.

A média das reservas de gás natural por capacidade de armazenamento na UE encontra-se em 55,71%, em comparação aos 44,66% registados no mês passado e aos 45,94% alcançados em junho de 2021.

No entanto, continua insuficiente com os problemas de fornecimento russo à Europa, que pesa mais de 40% das importações de gás natural.

Para evitar rutura no próximo inverno, o Parlamento Europeu aprovou na semana passada novas regras para armazenamento de gás, no seguimento da proposta apresentada pela Comissão Europeia e já acordada com os estados-membros.

As instalações da União Europeia devem estar preenchidas, no mínimo, até 80% da sua capacidade, até 1 de novembro.

Ainda assim, “os Estados-membros e os operadores devem esforçar-se por atingir 85%”, sendo que, “a partir do próximo ano, o objetivo será de 90% a fim de proteger os cidadãos da UE de possíveis problemas de abastecimento”, salientou o Parlamento Europeu.

ZAP //

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