Portugal deitou ao lixo 3,5 milhões de vacinas contra a covid-19

Hannibal Hanschke / AFP

Portugal deitou ao lixo 3,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. A Comissão Europeia está a renegociar os contratos de fornecimento.

Se no início da pandemia as vacinas chegavam a um ritmo mais lento do que o desejado, agora os países não sabem o que fazer com o excesso de vacinas contra a covid-19. Portugal deitou ao lixo 3,5 milhões de doses, mas há países que desperdiçaram ainda mais.

Isto faz com que a Comissão Europeia esteja a tentar renegociar com as farmacêuticas os contratos de fornecimento, avança o jornal Público esta segunda-feira.

No pico da pandemia, várias nações encomendaram milhões de doses para fazer frente ao coronavírus. No entanto, agora, com a estabilização da situação epidemiológica, ninguém sabe o que fazer com as vacinas que sobram e cuja validade é reduzida.

Foi neste contexto que Portugal teve de deitar fora “aproximadamente 3,5 milhões de doses” de vacinas, segundo o Ministério da Saúde.

É “uma taxa de inutilização de 8,5%”, precisa a tutela, sublinhando que, ainda assim, é uma das “menores taxas de inutilização a nível europeu”, graças à “conjugação da grande adesão dos portugueses à vacinação” e “uma eficaz e responsável gestão do aprovisionamento”.

De acordo com o Público, os contratos com as farmacêuticas são confidenciais e os valores não são revelados. Porém, são muitos os milhões de euros que estão a ser desperdiçados e, a continuar assim, seriam muitos mais milhões no futuro.

Dados do Ministério da Saúde revelam que entre 2020 e este ano, Portugal celebrou 14 contratos com seis fornecedores de vacinas e que foram entregues cerca de 40 milhões de um total de 61,7 milhões de doses encomendadas e adquiridas para o período até 2023.

Deste total, cerca de 28,5 milhões de doses foram usadas, sensivelmente 8,1 milhões foram doadas e mais de 2,6 milhões foram revendidas a outros países.

“A Comissão Europeia, em representação dos Estados-membros da União Europeia, está a conduzir o processo de renegociação de um contrato assinado em 2021, no sentido de o ajustar às atuais circunstâncias epidemiológicas e estratégias de vacinação de cada Estado-membro, flexibilizando-se as quantidades e compromissos de entrega”, explicou o Ministério da Saúde, ao jornal Público.

Na passada sexta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência global para a covid-19 a nível global, aceitando a recomendação do comité de emergência.

O último dos 10 centros de vacinação contra a covid-19 a funcionar em Lisboa encerrou a 27 de março. Nos dois anos em que estiveram a funcionar , estes espaços administraram 1,48 milhões de vacinas.

Segundo dados divulgados em setembro pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge, neste momento quase todos os portugueses estão imunes à covid-19: 95,8% das pessoas que vivem em Portugal têm anticorpos contra o coronavírus. A região Norte e os jovens entre 20 e 29 anos são os “mais protegidos”.

ZAP //

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