Onde se vende droga “como se fosse Coca-Cola”, Portugal continua a ser exemplo

A posição de Portugal em relação às drogas e à toxicodependência continua a servir de modelo não só na Europa como no resto do Mundo.

Portugal continua a ser um exemplo no “combate às drogas”.

Nos anos 90, Portugal tinha o maior rácio de infeções por VIH na União Europeia e sofria com uma epidemia de heroína. 20 anos depois, a política de descriminalização levou a uma enorme quebra nestes problemas.

Portugal é hoje um exemplo a nível mundial. Os toxicodependentes passaram a ser tratados com dignidade: como doentes e não como criminosos.

Numa entrevista ao Jornal de Notícias, publicada esta segunda-feira, o diretor do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OBDT), Alexis Goosdeel, enalteceu o trabalho que se faz em Portugal.

“Acho que não há outra alternativa séria”, respondeu, quando questionado sobre se o modelo português continua válido.

“O modelo português foi um exemplo para os outros países da Europa“, continuou, advertindo que “isto não significa que, no desenho de programas, não seja necessário alterar algumas das formas de respostas, porque os novos riscos são diferentes, as substâncias são diferentes”.

Sublinhando que o consumo de drogas é um problema social e de saúde, o responsável pelo Observatório defendeu que é fundamentalmente importante “apoiar o desenvolvimento humano, recuperar os nossos cidadãos, garantindo a segurança de todos”.

Hoje em dia, a política progressista e inovadora de Portugal é muitas vezes enaltecida nos meios de comunicação estrangeiros – como é exemplo desta publicação recente do The New York Times.

Políticos de todo o mundo citam os resultados portugueses como argumentos a favor da implementação de propostas semelhantes, mas nem sempre corre bem. É importante saber (e) avaliar o contexto.

Apesar disso, Alexis Goosdeel admite a criação de uma estratégia comum de combate ao narcotráfico, na UE: “Vamos ter a capacidade de fazer recomendações às autoridades e apoiar a implementação das decisões, seja a nível nacional ou europeu”.

“A UE já tem uma estratégia comum e a Agência vai ajudar os estados-membros a anteciparem novas ameaças e a prepararem as respostas. Vamos ter a oportunidade de ser parceiros muito mais proativos“, garantiu o diretor do OBDT.

Na mesma entrevista, Alexis Goosdeel revelou preocupações quanto ao tráfico de droga, partilhando o apontamento curioso (e preocupante) de que a sua venda é feita com “estratégias de marketing usadas pela Coca-Cola”.

Esta segunda-feira, a Alemanha tornou-se o terceiro país da UE a legalizar o uso recreativo e o cultivo controlado de canábis, num passo que divide opiniões, dentro daquele país.

Se, de um lado, o governo de Olaf Scholz admite que é um passo mais eficaz para a luta contra o tráfico de droga; por outro, há especialistas que consideram a medida “uma catástrofe”.

Miguel Esteves, ZAP //

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