Portugal 1-2 Sérvia | Engenharia encolhida acaba em play-off

Mário Cruz / Lusa

Mau demais. Portugal precisava apenas de um empate para apurar-se directamente para o Mundial de 2022 no Qatar.

Perante um Estádio da Luz à pinha, a formação das “quinas” foi vulgarizada por uma Sérvia que foi melhor em quase tudo e quase empre, excepto nos primeiros minutos.

A partir daqui pegou no jogo, mostrou ambição e estratégia adequada para o encontro, limitando Portugal a ataques esporádicos.

O tento que apontou em cima do minuto 90 foi um “balde de água fria”, mas coloca justiça no resultado e pune a mentalidade do “pontinho basta”.

O jogo não poderia ter começado melhor para Portugal. Logo aos dois minutos, Bernardo Silva roubou a bola a Nemanja Gudelj, deixou para Renato Sanches e este, em boa posição, atirou a contar para o 1-0, ao primeiro remate do encontro.

O pior foi depois. A Sérvia, que precisava de ganhar para chegar à liderança, pegou no jogo, descomplexada, e mandou nos acontecimentos até ao intervalo.

Teve mais bola, rematou mais e foi mais perigosa. Vlahović trabalhou bem na área e atirou ao poste, no primeiro grande aviso.

E aos 33 minutos o empate surgiu, por Dušan Tadić e com Rui Patrício a finar mal na fotografia.

O atacante do Ajax era mesmo o melhor em campo ao descanso, com um rating de 6.7, enquanto Renato Sanches era o melhor entre os lusos, com 6.0, essencialmente pelo tento apontado.

Na segunda parte Portugal continuou sem conseguir controlar ou dominar a partida, mas ao menos teve o condão de travar um pouco as investidas sérvias.

Aos 75 minutos, os visitantes continuavam com mais bola (56%), mas não registavam qualquer remate no segundo tempo, ao contrário dos lusos, com dois disparos, um enquadrado.

Perante este cenário, os sérvios abordaram os derradeiros minutos da partida em pleno ataque, com três pontas-de-lança em campo à procura do golo do empate, e ambição mostrada acabou por ganhar à falta dela.

Em cima dos 90 minutos, Aleksandar Mitrović subiu bem alto e cabeceou para o 2-1, que obriga Portugal a disputar o “play-off”.

Melhor em Campo

Um recital do atacante do Ajax. Tadić foi a principal fonte de problemas para a equipa portuguesa, desde o início da partida, terminando claramente como o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 7.3.

Além do golo que marcou na primeira parte – com preciosa ajuda de Rui Patrício -, o sérvio enquadrou os seus dois remates, fez dois passes para finalização, nove ofensivos valiosos e três super aproximativos, recebendo nove aproximativos, máximo do jogo.

Sempre solto e sem posicionamento fixo, Portugal nunca conseguiu (e nunca aparentou tentar) anular as investidas do avançado.

Destaques de Portugal

Danilo Pereira 6.8 – O melhor português foi o médio mais recuado, o que por si só mostra o cariz do jogo e o trabalho que Portugal teve para travar o seu adversário. O jogador do PSG completou 31 de 34 passes, ganhou dois de cinco duelos aéreos defensivos e fez cinco intercepções. Na frente o destaque vai para dois passes para finalização.

Renato Sanches 6.5 – Na primeira parte foi o melhor entre os lusos. Foi ele o autor do golo português e um dos mais rematadores, com três disparos, dois enquadrados, completou duas de três tentativas de drible e somou quatro conduções aproximativas e duas super aproximativas. Na segunda parte fugiu a todos pela direita e teve o golo nos pés, mas não conseguiu a emenda.

José Fonte 6.3 – Mais um jogador de características defensivas entre os melhores portugueses. José Fonte substituiu Pepe e esteve em bom plano, com dois duelos aéreos ofensivos ganhos (100%), três intercepções e seis alívios.

Bernardo Silva 6.0 – O criativo do City foi o mais esclarecido entre os jogadores de características ofensivas. Foi dele a assistência para o tento de Renato e foi vê-lo a deliciar os adeptos no drible, com dez tentados e seis completos, além de quatro conduções aproximativas. Notou-se claramente que é ali, no meio, que Bernardo se sente melhor, mas jogou sempre sem apoio, com colegas bem longe, pelo que toda a sua qualidade acabou por se diluir.

João Palhinha 5.9 – O jogador leonino começou no banco e entrou para a derradeira meia-hora. Quase não teve bola (11 acções), perante o domínio sérvio, pelo que o destaque vai para duas recuperações de posse e outros tantos desarmes.

Rúben Dias 5.8 – Perante a pressão sérvia, fez o que podia, limitando-se a afastar o perigo da forma mais rápida possível. Terminou, por isso, com cinco alívios.

João Moutinho 5.7 – Muito preso a tarefas defensivas, perante a superioridade sérvia no “miolo”. Terminou com quatro acções defensivas no meio-campo contrário e seis alívios, ambos máximos do jogo.

Bruno Fernandes 5.1 – O médio entrou ao mesmo tempo que Palhinha e não acrescentou praticamente nada ao jogo.

João Cancelo 4.8 – Não é hábito ver João Cancelo realizar um jogo tão apagado, em especial num momento em que está com grande fulgor ao serviço do City, mas o lateral foi uma sombra do que costuma ser, em especial no ataque. Atrás, destaque para cinco bloqueios de cruzamento.

Cristiano Ronaldo 4.8 – Passou praticamente ao lado do jogo. O capitão foi, de novo, um dos mais rematadores (3), mas não acertou uma única vez com a baliza contrária.

Rui Patrício 3.7 – Noite para esquecer do guardião. Destaque positivo para quatro saídas pelo ar eficazes, mas teve culpas no 1-1.

Destaques da Sérvia

Nikola Milenković 6.8 – Excelente jogo do central, que ganhou todos os duelos aéreos defensivos em que participou (4) e somou 11 recuperações de posse, segundo valor mais alto da partida. E ainda registou 11 acções defensivas, entre elas três intercepções.

Strahinja Pavlović 6.5 – Outro central que esteve muito bem ao longo de todo o jogo, anulando o ataque tímido de Portugal. O jogador do Mónaco ganhou três de quatro duelos aéreos defensivos e somou 12 acções defensivas, das quais destacamos quatro desarmes e três intercepções.

Filip Kostić 5.9 – O esquerdino fez três passes para finalização, máximo do jogo, e incríveis 16 cruzamentos, com eficácia em três.

Resumo

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