Famoso “Portal para o Submundo” viu cerca de 35 milhões de metros cúbicos de terra serem deslocados desde a década de 1990, ditou novo estudo com recurso a modelos geológicos em 3D.
Está a expandir-se a ritmos alarmantes e tornou-se um símbolo vivo das alterações climáticas e do seu efeito nas regiões de permafrost.
O “Portal para o Submundo” da Sibéria, localizado na República Sakha, começou numa pequena ravina na década de 1960. Hoje, estende-se por mais de um quilómetro de comprimento e está a crescer.
Inicialmente despercebida até ser identificada por imagens de satélite em 1991, a derrocada tem sido monitorizada de perto desde então. A causa da sua expansão é atribuída, em grande parte, ao aumento das temperaturas, que descongelam o permafrost, outrora estável, desestabilizando a estrutura do solo e desencadeando deslocações maciças do solo para baixo, em direção ao rio Batagay.
Estudos recentes publicados no Geomorphology e conduzidos por uma equipa da Universidade Estatal Lomonosov de Moscovo e do Instituto Melnikov Permafrost, em colaboração com cientistas alemães, forneceram novas e mais aprofundadas informações sobre a dinâmica do abatimento, com recurso a modelos geológicos em 3D, segundo o IFL Science.
As descobertas indicam que cerca de 35 milhões de metros cúbicos de terra foram deslocados desde a década de 1990, sendo que cerca de dois terços deste volume são constituídos por gelo terrestre e o restante por sedimentos de permafrost.
As dimensões do megaslump aumentaram notavelmente de 790 metros de largura em 2014 para 890 metros em 2019.
Esta transformação não decorre apenas em Batagay. Fenómenos semelhantes estão a ocorrer em todo o Ártico, onde as alterações climáticas estão a provocar derrocadas do permafrost e a desencadear numerosos deslizamentos de terras.
Estes desenvolvimentos são particularmente preocupantes na Rússia, onde o permafrost constitui quase 65% do terreno. A degradação contínua deste solo congelado coloca desafios substanciais, não só alterando as paisagens, mas também libertando quantidades significativas de carbono para a atmosfera, o que pode agravar ainda mais o aquecimento global.