“Super-egoísta”. Porque Musk apoia Trump

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Reprodução / Truth Social

Elon Musk com Donald Trump

Proprietário da Tesla está ao lado de um apoiante dos combustíveis e negacionista de alterações climáticas… E não é assim tão estranho.

Elon Musk quer que Donald Trump vença as eleições presidenciais nos EUA, daqui a pouco mais de três meses. O apoio tornou-se público quando o próprio Musk reagiu ao atentado contra o antigo presidente.

O The Wall Street Journal avançou que o bilionário até iria doar 41.6 milhões de euros por mês à candidatura de Trump – algo que Musk já negou.

Com ou sem esses milhões, este apoio poderia surpreender, já que há algo central que aparentemente os separa: a energia.

Elon Musk, proprietário da Tesla, aposta há anos nos carros eléctricos, tenta acabar com o domínio dos carros movidos a combustíveis fósseis – que combate, defendendo sempre energias renováveis, “limpas”.

Donald Trump defende o petróleo, questiona a necessidade de transição energética, critica constantemente energias alternativas, questiona a sua necessidade, e acha que carros eléctricos são um desastre para a economia dos EUA, lembra a CNN.

Mesmo assim, Musk está mesmo a apoiar o antigo presidente. Aliás, há anos que mostrava sinais de que estava contra Joe Biden, o actual presidente.

Mas o Business Insider apresenta um motivo “super-egoísta” para esta postura de Musk: quer salvar a Tesla.

O portal cita uma chamada por vídeo com os investidores da sua empresa, durante a qual o director lembrou a Lei de Redução da Inflação, uma iniciativa aprovada no mandato de Joe Biden que criou mais empregos, mais negócio, no sector da energia “limpa”.

Ou seja, trouxe mais concorrência à Tesla.

Mais do que combater alterações climáticas, Elon Musk estará centrado noutra prioridade: a Tesla tem que continuar a dominar o mercado de veículos eléctricos.

Nesta guerra de preços (os carros da Tesla têm estado em saldos diversas vezes), a sua empresa não se está a sair bem: os lucros caíram 45% no segundo trimestre deste ano, a sua quota de mercado baixou dos 50% pela primeira vez nos EUA.

Nessa conversa com os investidores, Musk assegurou que a concorrência vai ser mais fraca em breve – mas não disse porquê.

Na mesma reunião, não escondeu que, se Trump cancelar mesmo a Lei de Redução da Inflação, as consequências seriam “devastadoras” para os concorrentes da Tesla, mas até seria bom “a longo prazo” para a sua empresa.

Musk volta a mostrar que fica todo satisfeito com as intervenções da Casa Branca na economia – mas só quando lhe favorecem.

Na National Public Radio, também se deixa essa hipótese: este apoio a Trump é uma estratégia de Musk para proteger a Tesla.

Mas há quem preferisse que Elon Musk apostasse mais na valorização dos carros eléctricos e falasse menos sobre política.

O jornal The Washington Post, que também acredita que Donald Trump vai facilitar a vida à Tesla, acrescenta outra perspectiva: parece que Trump é fã do estilo de Musk.

“Temos que tornar a vida boa para as nossas pessoas inteligentes – e ele é o mais inteligente possível”, disse o candidato à Casa Branca sobre o proprietário da Tesla.

Vídeo de Kamala

Entretanto, Elon Musk partilhou um vídeo sobre Kamala Harris, a concorrente de Donald Trump, que estará a violar as suas próprias regras do X.

É um vídeo editado, no qual Kamala Harris diz que foi “contratada por causa da diversidade”, por ser mulher e negra. “Por isso, se criticarem algo que eu disser, serão sexistas e racistas”.

Acrescente que o mais importante que Joe Biden lhe ensinou é “esconder a incompetência” e que não sabe como liderar o país. Frases que a candidata presidencial nunca disse.

O vídeo é editado, falso portanto, mas Elon Musk não deixa esse aviso. Parece mesmo um anúncio de campanha eleitoral. Na publicação original, lê-se que é uma “paródia”, mas Musk não escreveu nenhum alerta sobre isso.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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