Os medicamentos sabem mal porquê? (e não convém mudar o sabor)

É um problema já desde a infância. Mas há quem esteja a tentar adivinhar o sabor de um medicamento.

Já parou para pensar porque medicamentos e remédios têm gosto amargo?

Esse é um problema que nos acompanha desde a infância: a dificuldade de tomar algum medicamento justamente por causa do sabor que, na maioria das vezes, é bem desagradável.

Mas existem algumas razões que ajudam a entender que nada é em vão.

De acordo com a American Chemical Society, a maioria dos produtos químicos presentes nas fórmulas farmacêuticas é derivada de plantas e, portanto, são essencialmente amargos.

Alguns medicamentos mais potentes muitas vezes até cheiram mal e causam irritação na boca.

A raiz amarga está nas papilas gustativas humanas, ou receptores gustativos.

Embora existam apenas alguns receptores para sabores doces, a evolução trouxe ao homem cerca de 27 para os amargos.

Nos tempos pré-históricos, essa maior sensibilidade ao amargor impedia os primeiros humanos de comer plantas tóxicas ou outros alimentos desagradáveis ​​e possivelmente venenosos.

Já a rejeição das crianças a medicamentos desagradáveis ​​e a alimentos com sabor amargo é um produto complexo do amadurecimento dos sistemas sensoriais, da variação genética, das experiências e da cultura, segundo a instituição.

Isso porque as crianças nascem com uma preferência muito mais forte por sabores doces, algo que já começa na relação entre os bebés e o leite materno.

Para alguns medicamentos, é possível mascarar o amargor encapsulando a substância química amarga em forma de pílula ou comprimido, ou usando bloqueadores especiais que entorpecem os receptores da língua.

No entanto, é extremamente difícil mascarar os sabores de alguns dos medicamentos líquidos verdadeiramente amargos, e uma melhor compreensão dos receptores do sabor amargo pode produzir novas formas de superar os sabores desagradáveis.

Mas a grande questão é que os medicamentos são feitos para conter o mínimo possível de aditivos, pois podem interferir na ação dos princípios ativos.

A adição de aromas e sabores está no final da lista de prioridades e pode causar mais problemas do que resolver.

Cientistas já identificaram genes que codificam certos receptores de sabor amargo.

Uma variação no gene TAS2R38, por exemplo, está ligada à percepção de amargor. Chamado gene do “supergosto”, permite que as pessoas experimentem o amargor do café ou do brócolo de forma melhorada. Nesse caso, a pessoa deve herdar o gene T2R38 de ambos os pais. Além disso, o mesmo gene desempenha um papel no sistema imunológico.

Mas com base nisso, neste ano, pesquisadores da University College London (UCL), na Inglaterra, desenvolveram um novo modelo de inteligência artificial capaz de prever o sabor de uma medicação.

A ideia é que, ao entrar em contato com uma substância, a tecnologia possa fornecer uma pontuação, dizendo assim se o remédio tem gosto amargo, e estimar o nível de aversão que provocará na dose clínica recomendada.

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