Julien Harneis / Flickr

Crianças da República da Guiné (francesa)
A palavra tem origens portuguesas durante a era colonial e foi usada para descrever as regiões da África Ocidental onde viviam os “guineus”, os negros que viviam a sul do rio Senegal.
Já alguma vez olhou para um mapa e se perguntou porque é que há tantas “Guinés”? Desde a própria Guiné, passando pela Guiné Equatorial, a Papua Nova Guiné e a ex-colónia portuguesa da Guiné-Bissau, há quatro países com este nome.
A palavra “Guinea” em inglês deriva do português “Guiné”, termo que surgiu em meados do século XV. Na época, os exploradores portugueses utilizavam-no para descrever as terras costeiras habitadas pelos “guineus”, o termo usado para descrever os povos negros africanos que viviam a sul do rio Senegal. Estas regiões, ricas em recursos naturais e diversidade cultural, tornaram-se pontos fulcrais para as rotas comerciais durante a era colonial, explica o World Atlas.
Outra teoria propõe que o termo teve origem na cidade de Djenné, um importante centro no atual Mali, conhecido pela sua proeminência no comércio transaariano entre os séculos XV e XVII. Segundo esta teoria, o termo árabe “Genawah” (uma forma de “Ghinawen”, que significa “negros”) pode ter influenciado as convenções de nomenclatura europeias, acabando por dar origem a “Guiné”.
À medida que as potências europeias alargavam a sua presença colonial em África, foram rotulando vários territórios costeiros a palavra Guiné. Muitos destes nomes continuaram em uso já após a independência dos respetivos países: a Guiné Francesa passou a ser simplesmente “Guiné”, a Guiné Espanhola evoluiu para “Guiné Equatorial” e a Guiné Portuguesa tornou-se “Guiné-Bissau”. Em contraste, a Guiné Alemã foi dividida nos atuais Camarões e Togo, eliminando por completo a designação “Guiné”.
O nome “Guiné” também encontrou o seu lugar nos sistemas económicos europeus. A moeda de ouro britânica conhecida como guiné recebeu este nome porque o ouro utilizado na sua cunhagem era proveniente da região da Guiné.
Curiosamente, o alcance do termo estendeu-se muito para além de África. A Papua-Nova Guiné, situada no Sudeste Asiático, foi assim designada pelo explorador espanhol Yñigo Ortiz de Retez, que notou uma semelhança entre os povos indígenas da Papua e os da costa africana da Guiné. O nome “Papua” refere-se à terminologia nativa da ilha, enquanto “Nova Guiné” reflete a comparação feita pelo explorador com os territórios africanos.
Em conjunto, os múltiplos usos de “Guiné” revelam um legado moldado pela exploração, comércio, colonização e encontros culturais que abrangem vários continentes e séculos.