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Polvos não só sentem dor fisicamente, como também emocionalmente

Um novo e importante estudo sugere que os polvos provavelmente sentem e respondem à dor de uma forma semelhante à dos mamíferos.

De acordo com o site Science Alert, estudos anteriores já mostraram que os polvos podem responder reflexivamente a estímulos nocivos, aprendendo a evitar estes contextos prejudiciais.

O novo estudo aborda a experiência de dor destes animais em três partes. Depois de uma única sessão de treino numa caixa com três câmaras, os polvos que receberam uma injeção dolorosa de ácido acético mostraram claramente evitar a câmara onde isso aconteceu.

Por sua vez, os polvos que estavam no grupo de controlo – que receberam uma injeção indolor com uma solução salina – não tiveram essa reação e as suas preferências pelas câmaras não parecem ter sido influenciadas.

Além disso, quando os polvos que tinham sido sujeitos ao ácido acético receberam lidocaína (um analgésico), tenderam a preferir a câmara na qual sentiram alívio imediato da dor. Os animais que receberam apenas solução salina não ligaram à câmara onde o analgésico tinha sido aplicado.

A equipa de investigadores também encontrou evidências de que os polvos podem discriminar entre diferentes qualidades e intensidades de dor em diferentes locais dos seus corpos.

Todos os polvos que receberam o ácido tiveram um comportamento de limpeza no local da injeção durante os 20 minutos do teste, removendo uma pequena área da sua pele com o chamado bico (ou rostro).

Segundo o site IFLScience, a terceira e última parte da pesquisa traçou paralelos interessantes entre mamíferos e cefalópodes. Isto porque quando os mamíferos se magoam num determinado membro, por exemplo numa pata, a atividade neural associada à dor ocorre no centro do cérebro.

Esta atividade remota do local da lesão também é vista entre cefalópodes e, até agora, estes animais são os únicos invertebrados conhecidos por replicar este padrão. Algo confuso, visto que os polvos têm cérebros únicos que se estendem até aos seus membros.

Para testar se essa forma de processar a dor poderia ser observada em polvos, os investigadores fizeram gravações eletrofisiológicas para verificar onde foi desencadeada a atividade neural após a injeção de acido acético e perceber se essa atividade permanecia até a dor desaparecer com o efeito da lidocaína.

Os cientistas descobriram que a dor no braço desencadeou uma atividade prolongada que foi rapidamente silenciada pelo alívio da dor injetado no mesmo local que o ácido.

“Juntos, estes dados dão um forte suporte para a existência de um estado afetivo negativo e duradouro nos polvos; a primeira evidência de experiência de dor neste clado de invertebrados neurologicamente complexos”, escreveram os autores do estudo publicado, a 22 de fevereiro, na revista científica iScience.

ZAP //

 

 

 

 

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