Dois agentes da polícia federal alemã e um agente de segurança voluntário estão a ser investigados após uma testemunha ter relatado que viu o trio a fazer a saudação nazi e a proferir frases racistas num bar na cidade de Rosenheim, no sul da Alemanha, informou este sábado a polícia bávara.
Em comunicado, a polícia disse que os comentários feitos pelos três homens ocorreram sob a influência do álcool e que os agentes estavam de folga no momento do incidente, ocorrido na noite de quinta-feira. Nenhum detalhe sobre os comentários foi divulgado. A polícia informou que está à procura de mais testemunhas.
Um porta-voz da polícia acrescentou que os agentes federais têm entre 44 e 45 anos. A idade do agente voluntário não foi divulgada. Na Baviera, estes guardas voluntários actuam até 40 horas por mês, sem salário, na chamada Sicherheitswacht, força auxiliar controlada pela polícia.
Fazer a saudação nazi – que contém a frase “Heil Hitler” – em público é ilegal na Alemanha, assim como a exibição de símbolos nazis.
Em agosto do ano passado, um cidadão americano foi espancado em Dresden por fazer o gesto. Duas semanas depois, foi a vez de dois turistas chineses serem detidos em Berlim depois de terem o gesto em frente ao Reichstag.
A saudação nazi, braço direito elevado acima do ombro com a palma da mão para baixo, era usada como forma de expressar devoção ao III Reich de Adolf Hitler, e foi banida na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, bem como outros símbolos nazis.
O incidente ocorre num contexto de crescente preocupação na Alemanha com a infiltração de membros da extrema-direita nas forças policiais da Alemanha. A semana passada, um episódio envolvendo a polícia de Dresden provocou escândalo no país.
No incidente em causa, um agente da policia federal de folga, que participava activamente numa demonstração do partido Pegida, interpelou uma equipa de reportagem que teria alegadamente filmado o seu rosto – após o que pediu a outros agentes da polícia que detivessem os jornalistas.
a cidade de Dresden, em particular, tem uma forte carga ideológica, conferida pelas memórias que herdou da II Guerra Mundial – quer das actividades nazis no região, quer da destruição da cidade pelos bombardeamentos dos Aliados no fim do conflito.
Durante a II Guerra Mundial, Dresden não tinha importância estratégica do ponto de vista militar, e ainda hoje a sua destruição permanece um capítulo negro na história da intervenção dos Aliados na libertação da Europa, sendo frequentemente usada por grupos de extrema-direita para acicatar sentimentos anti-americanos na cidade.
O ano passado, episódios de apologia ao nazismo entre membros das Forças Armadas da Alemanha foram também alvo de investigação por parte das autoridades, depois de um tenente do Exército ter planeado realizar um ataque e fazê-lo parecer que teria sido executado por terroristas islâmicos.
ZAP // Deutsche Welle