Podemos enviar informações para o passado? E queremos mesmo?

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Já que não podemos enviar pessoas atrás no tempo, poderemos, pelo menos, enviar informações? Mesmo que tal fosse possível, há boas razões para não queremos enviar informações para o passado.

A causalidade é um conceito que descreve a relação entre a causa e o efeito, ou seja, a ideia de que uma causa específica leva a um efeito específico.

Por outras palavras, a causalidade é a noção de que eventos ou condições anteriores podem influenciar ou determinar eventos ou condições subsequentes.

A base para a compreensão da física e do universo assenta no próprio conceito de causalidade.

Na verdade, a causalidade vai muito além de uma simples lei ou teoria. A causalidade é a própria física, pois é desta forma que descrevemos e interpretamos acontecimentos.

Por exemplo, a lei da gravidade descreve a relação causal entre a massa de um objeto e a sua atração gravítica.

Sempre que a física desenvolve uma nova teoria ou modelo experimental, assume-se que este segue o princípio da causalidade.

E este fator é incluído em cada equação através de modelos causais em que determinadas causas produzem determinados efeitos.

No entanto, a causalidade não é apenas a base da física da ciência. Este conceito sustenta também a nossa compreensão lógica da realidade.

Se partirmos um vidro em pedaços, este não estará partido até ao momento em que, de facto, o partirmos. Se virmos um carro a vir na nossa direção e desviarmos o volante, é plausível assumir que só viraremos o volante depois de ver o carro.

A causalidade permite-nos conectar de forma lógica os eventos que observamos no universo e permite-nos dividir o fluxo de tempo entre o passado, presente e futuro.

O que experimentamos como presente é, na verdade, o conjunto de todas as causas do passado que conduzem, subtilmente, àquilo que estamos a experienciar num determinado momento.

É possível viajar no tempo? Ou pelo menos enviar informações para o passado?

A ambiciosa experiência de viajar no tempo, tão aclamada em filmes e séries de Hollywood, tem preenchido a imaginação de muitos de nós.

No entanto, o ato de viajar no tempo encerra em si uma grave condição – viola o princípio da causalidade. É possível corroborar esta ideia com inúmeros paradoxos.

Vejamos alguns deles.

Imagine que faz uma viagem no tempo e, depois de explorar o ambiente onde chega, tropeça numa pedra e morre. Se morreu no passado, não há qualquer chance de nascer no futuro.

O nascimento vem sempre atrás da morte – e a isto se chama causalidade. Ao colocar a sua própria morte antes do seu nascimento, perdemos o sentido de causalidade e o fluxo lógico que determina o funcionamento do universo.

Agora, para perceber porque é que não podemos transmitir informações de volta ao passado, vamos complicar um pouco mais.

Imagine que tem um dispositivo com o qual pode enviar sinais e informações atrás no tempo. E pretende manter este dispositivo em segredo. Para tal, equipa-o com um mecanismo de autodestruição, segundo o qual este se destruirá caso ative um botão secreto, que só você sabe qual é e para que serve.

Durante algum tempo, é possível que se divirta a enviar sinais e mensagens para o seu “eu” do passado. No entanto, imagine que, um dia, deixa cair uma chávena de café na máquina e, acidentalmente, ativa o botão de autodestruição.

O sinal regressa do passado e volta para o tal dispositivo. Ao ativar o botão secreto, o dispositivo destrói-se. Deixou de existir. No entanto, se o dispositivo se destrói no passado, como é que é possível que ele tenha existido no presente para enviar o sinal de autodestruição em primeiro lugar?

Este é um dos paradoxos mais famosos, conhecido como “paradoxo da viagem no tempo”, que levanta questões intrigantes sobre a possibilidade de viajar no tempo e sobre as consequências lógicas que isto poderia ter.

A lista de paradoxos sobre viagens no tempo é vasta e inclui não só pessoas, mas também informações. Na verdade, uma simples informação tem a mesma capacidade de criar mudanças e afetar acontecimentos do futuro que, por si só, violam a lei da causalidade.

Na física, existe um limite de velocidade máxima para a rapidez com que uma causa pode levar a um efeito – a velocidade da luz. Esta é a velocidade mais elevada através da qual objetos, sinais, informações e até a própria causalidade podem ser transmitidos.

A causalidade determina a ordem dos eventos no tempo e a velocidade da luz é o limite máximo ao qual esta informação se pode propagar.

Isto significa que é impossível viajar mais rápido do que a luz, porque a velocidade da luz é, também, a velocidade do tempo. E está é uma das razões pelas quais é impossível viajar no tempo.

No entanto, se pudesse, seria capaz de enviar sinais atrás no tempo e, por fim, violar a causalidade.

Patrícia Carvalho, ZAP //

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5 Comments

  1. A tecnologia do motor de dobra, como a popularizada por séries de ficção científica como “Star Trek”, envolve a manipulação do espaço-tempo de tal forma que uma nave pode viajar distâncias interstelares em um curto período de tempo. Essa tecnologia ainda é altamente especulativa e está além das nossas capacidades científicas e tecnológicas atuais.

    A teoria geral da relatividade de Einstein permite imaginar a possibilidade de “dobrar” o espaço-tempo de maneiras que tornariam possíveis viagens muito mais rápidas do que a luz. No entanto, a realização prática disso apresenta muitos desafios. Por exemplo, um conceito teórico conhecido como “buraco de minhoca” permitiria esse tipo de viagem, mas a criação e a manutenção de um buraco de minhoca exigem formas de matéria e energia que não sabemos como criar ou manipular. Além disso, existem muitos riscos e incertezas associados, incluindo a possibilidade de colapso catastrófico e efeitos desconhecidos sobre o viajante.

    Existem também conceitos teóricos como a “métrica de Alcubierre”, que descreve uma maneira de “dobrar” o espaço-tempo de maneira que é compatível com a teoria da relatividade. Este conceito envolve criar uma “bolha” de espaço-tempo normal onde uma nave poderia residir, enquanto o espaço-tempo seria contraído à frente da nave e expandido atrás dela. No entanto, mesmo este conceito exigiria formas exóticas de energia com propriedades que a matéria comum não possui, além de apresentar muitos desafios práticos e teóricos significativos.

    A ciência continua a avançar e é impossível dizer com certeza o que o futuro pode trazer.

  2. No star trek não me parece que haja algum motor de dobra. O warp engine do star trek funciona comprimido o espaço á frente da nave e expandido o espaço atrás, é um conceito diferente.

  3. Aconteceu me que , na minha mente, acedendo a memórias do passado consigo enviar e transmitir mensagens do futuro como se eu no presente fosse o transmissor e no passado o receptor

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