Planetas raros estão a desfazer-se no Espaço (e a ajudar os cientistas)

Exoplanetas não conseguem reter a sua matéria e esta vai-se desintegrando, o que permite aos astrofísicos que estudem melhor a sua composição.

Uma sub-classe rara de planetas de período ultra-curto, ou USPs, (planetas conhecidos pelas suas órbitas rápidas) não é suficientemente macia para reter a sua matéria. É por isso que de deterioram, deixando rastos de detritos, à semelhança dos cometas.

Muitos USPs estão presos à sua estrela, o que faz com que o lado voltado para a estrela seja um inferno, explica a Science Alert, que acrescenta que estes planetas estão a alargar os limites da nossa compreensão dos sistemas planetários.

“Relatamos a descoberta de BD+054868Ab, um exoplaneta em trânsito que orbita uma anã K brilhante com um período de 1,27 dias”, escrevem os autores. A sonda TESS encontrou o planeta, e as suas observações “revelam profundidades de trânsito variáveis e perfis de trânsito assimétricos”, escreve-se no artigo científico publicado este mês.

Pouco se sabe sobre estes exoplanetas raros e de difícil aproximação (de que até agora só se conheciam mais 3), mas julga-se que tenham migrado para as suas posições em vez de se terem formado nelas.

“O planeta em desintegração que orbita o BD+05 4868 A tem as caudas de poeira mais proeminentes até à data”, afirmou o autor principal, Marc Hon.

“O ritmo a que o planeta se está a evaporar é absolutamente cataclísmico e temos uma sorte incrível por estarmos a testemunhar as últimas horas deste planeta moribundo”,explica ainda. De facto, o planeta está a desfazer-se ao ritmo de 10 massas terrestres por mil milhões de anos.

A estrela hospedeira é provavelmente um pouco mais velha que o Sol e tem uma anã vermelha companheira separada por cerca de 130 UA. Por causa das caudas principal e posterior, os trânsitos podem durar até 15 horas, o que torna a conjuntura para estudar este exoplaneta bastante favorável.

“O brilho da estrela hospedeira, combinado com os trânsitos relativamente profundos do planeta (0.8?2.0%), apresenta BD+054868Ab como um alvo privilegiado para estudos de composição de exoplanetas rochosos e investigações sobre a natureza de planetas que se evaporam catastroficamente,” explicam os investigadores.

“O que também é muito excitante no BD+05 4868 Ab é o facto de ter a estrela hospedeira mais brilhante do que os outros planetas em desintegração — cerca de 100 vezes mais brilhante do que K2-22 — estabelecendo-o como uma referência para futuros estudos de desintegração de tais sistemas”, diz o coautor Avi Shporer.

isso é importante, afirma o astrofísico, porque “antes do nosso estudo, os outros três planetas em desintegração conhecidos estavam à volta de estrelas fracas, o que tornava o seu estudo difícil”.

Outro estudo, publicado igualmente este mês e liderado por Nick Tusay, explica que “estes planetas estão literalmente a derramar as suas entranhas no espaço para nós, e com o JWST (telescópio espacial James Webb) temos finalmente os meios para estudar a sua composição e ver de que são feitos os planetas que orbitam outras estrelas”.

“É notável que medir diretamente o interior dos planetas do Sistema Solar seja um desafio tão grande — temos apenas uma amostragem limitada do manto da Terra e não temos acesso ao de Mercúrio, Vénus ou Marte — mas aqui encontrámos planetas a centenas de anos-luz de distância que estão a enviar os seus interiores para o espaço e a iluminá-los para que os possamos estudar com os nossos espectrógrafos”, acrescenta o coautor Jason Wright.

De acordo com os autores, esta poderá ainda ser a primeira vez que se observa a libertação de gases de um planeta em processo de vaporização.

“A qualidade dos dados que deveremos obter de BD+05 4868 A será excelente”, disse Shporer. “Estes estudos provaram a validade desta abordagem para compreender os interiores de exoplanetas e abriram a porta a toda uma nova linha de investigação com o JWST.”

ZAP // /

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