E se os indícios do Planeta 9 forem, na verdade, a lei da gravidade modificada?

Caltech/R. Hurt (IPAC)

Impressão de artista do Planeta 9

As mesmas observações que inspiraram a procura por um nono planeta no Sistema Solar podem, na verdade, ser evidências da validade de uma lei da gravidade modificada.

Há evidências que sugerem a existência de um nono planeta – e não, não falamos de Plutão. Agora, um novo estudo revelou que as particularidades do Sistema Solar exterior podem, afinal, ser explicadas por teorias modificadas da gravidade.

Tudo começou no século XIX, quando astrónomos mediram a órbita de Urano e descobriram algumas inconsistências entre as observações e as previsões, concluindo que esta estava a ser influenciada pela gravidade de um grande corpo invisível. Foi assim que o planeta Neptuno foi descoberto.

Em 2016, uma equipa de cientistas fez uma previsão semelhante: com base nos padrões orbitais de seis objetos gelados na cintura de Kuiper, concluíram que um planeta desconhecido, com a massa de cerca de 10 Terras, poderia estar a puxá-los. Outras provas, provenientes de outros objetos e até da inclinação do Sol, pareciam reforçar esta teoria.

Foi então que os cientistas propuseram explicações alternativas, como interações gravitacionais entre planetas, um disco distante de rocha e gelo e até um mini buraco negro. Agora, uma equipa propôs uma ideia ainda mais ousada: a modificação da própria teoria da gravidade.

A verdade é que, apesar de a lei da gravitação universal de Newton explicar a estrutura e o movimento do Universo em grande escala, fica aquém em algumas situações.

A matéria escura tem sido a solução preferida para preencher estas lacunas, uma substância misteriosa que permeia o Universo, não refletindo nem emitindo qualquer luz, apenas interagindo com a matéria normal através da sua forte gravidade.

Apesar de ser uma teoria amplamente aceite, a matéria escura nunca foi detetada, pelo que alguns cientistas sugerem que é necessário ajustar a lei da gravidade de Newton.

Os efeitos da gravidade podem ser mais fortes a baixas acelerações do que Newton descreveu, o que anularia a necessidade da existência de uma matéria negra, por exemplo. Este modelo é conhecido por Dinâmica Newtoniana Modificada (MOND).

Recentemente, foram descobertas provas em enxames de estrelas e em mais de 150 galáxias que apoiam esta tese.

No mais recente estudo, publicado em setembro no The Astronomical Journal, a equipa aplicou a MOND ao conjunto de dados utilizados na procura pelo Planeta Nove, uma investigação que acabou por revelar que, se a MOND estiver a funcionar, as órbitas de alguns objetos no Sistema Solar exterior deveriam, ao longo de milhões de anos, alinhar-se com o campo gravitacional da Via Láctea.

Para grande surpresa da equipa, o agrupamento das órbitas destes objetos correspondia exatamente às observações do nosso Sistema Solar.

“O alinhamento foi impressionante”, disse Harsh Mathur, citado pelo New Atlas. “A MOND é muito boa a explicar observações à escala galáctica, mas não esperava que tivesse efeitos visíveis no Sistema Solar exterior.

Apesar de ser um avanço científico interessante, o conjunto de dados analisado é bastante pequeno e há ainda muitas outras explicações possíveis. Assim, é provável que a caça ao Planeta 9 e à matéria escura continue.

ZAP //

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