As informações partilhadas pela Polícia Judiciária (PJ) com a Europol foram cruciais para alcançar a detenção do jihadista marroquino que viveu em Portugal.
Hicham El-Hanafi foi condenado a 30 anos de prisão em França, na semana passada, por crimes de terrorismo. Segundo o semanário Expresso, ficou provado que, no final de 2016, o marroquino se preparava para cometer dois atentados em Paris, tendo sido capturado pelas autoridades.
O jornal adianta que o trabalho das autoridades portuguesas foi muito importante para chegar à sua detenção. Isto porque as suspeitas sobre El-Hanafi remontam a 2015, quando a Polícia Judiciária iniciou uma das maiores investigações sobre terrorismo jihadista.
Foi o próprio irmão do marroquino, que também vivia em Portugal, que o denunciou às autoridades portuguesas. Em solo português, passou a ajudar o também marroquino Abdesselam Tazi a recrutar jovens para o Estado Islâmico.
Os dois suspeitos, que chegaram ao nosso país em 2013 com documentação falsa, tendo recebido asilo político, viveram na cidade de Aveiro até 2016, mas passaram grande parte do tempo a viajar. De acordo com o Expresso, a PJ tinha fortes indícios de que as viagens se destinavam a financiar as atividades de recrutamento.
Em fevereiro de 2016, a PJ já possuía muitos dados sobre ambos e decidiu partilhar a informação com a Europol, atitude que se revelou decisiva para a captura de El-Hanafi em Marselha.
“Esta informação oriunda de Portugal foi crucial para a investigação. Permitiu-lhes solidificar as suspeitas sobre as atividades terroristas do marroquino e desenvolver a Operação Ulisses com maior segurança”, contou fonte da PJ ao semanário.
Depois da sua detenção, a Judiciária voltou a ser fundamental na investigação. Duas agentes francesas deslocaram-se a Portugal para acompanhar várias diligências dos inspetores da unidade de contraterrorismo, que serviram para recolher provas contra o jihadista e reforçar a acusação contra si na justiça francesa.
Quanto a Abdesselam Tazi, foi detido na Alemanha, também em 2016, e foi extraditado para Portugal. Em 2019, foi condenado a 12 anos de prisão, mas acabou por morrer, há um ano, na sua cela na cadeia de alta segurança de Monsanto.