Um pigmento utilizado há mais de 30.000 anos nas pinturas pré-históricas da gruta Chauvet, no sul de França, inspirou um composto que vai ser aplicado no escudo térmico da sonda espacial Solar Orbiter, anunciou a Agência espacial europeia (ESA).
A Solar Orbiter, com lançamento previsto para 2017, deverá aproximar-se até 42 milhões de quilómetros do Sol, numa zona onde as temperaturas atingem os 520 graus, para estudar em particular as erupções e os ventos solares.
Para subsistir, a sonda deve ser protegida por um escudo térmico de titânio e cuja cor deve permanecer estável ao longo da missão. Uma alteração das propriedades “termo-óticas” do ecrã de proteção – a forma como absorve ou reflete os raios solares – arriscaria a destruição dos instrumentos sensíveis da sonda.
Os cientistas da ESA parecem ter encontrado a solução na paleta dos homens pré-históricos: um pigmento negro fabricado a partir de carvão de ossos queimados.
O composto que será aplicado no ecrã térmico do Solar Orbiter, designado “Sol Negro”, é um tipo de fosfato de cálcio negro obtido a partir de carvão de ossos queimados. Os testes demonstraram a sua boa estabilidade, referiu hoje em ESA em comunicado.
A gruta Chauvet, descoberta em dezembro de 1994 em Vallon-Pont-d’Arc (Ardèche), alberga um conjunto de mais de 1.000 desenhos, incluindo 425 figuras de animais, com cerca de 36.000 anos.
/Lusa