O português Pedro Pablo Pichardo conquistou o título de campeão do mundo do triplo salto, em Eugene, nos Estados Unidos, ao ‘voar’ 17,95 metros, na sua primeira tentativa.
Pedro Pablo Pichardo juntou o título de campeão do mundo à medalha de ouro conquistada nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, com 17,95 metros alcançados no primeiro salto, naquela que foi a melhor marca mundial do ano, seguindo-se 17,92, a segunda de 2022, 17,57, num concurso em que abdicou da quarta tentativa e terminou com 17,51, depois de um nulo.
O português, de 29 anos, impôs-se a Hugues Fabrice Zango, do Burkina Faso, medalha de bronze em Tóquio2020 e nos Mundiais Doha2019, e ao chinês Yaming Zhu, prata nos últimos Jogos Olímpicos, que, com 17,55 e 17,31, ambos com as suas melhores marcas do ano, terminaram na segunda e terceira posições, respetivamente.
Pichardo tornou-se no sétimo português a conquistar um título mundial no atletismo, depois de Fernanda Ribeiro, Manuela Machado, Carla Sacramento, Inês Henriques, Rosa Mota e Nelson Évora, conquistando a primeira medalha para Portugal em Eugene2022 e juntando este título à liderança do ‘ranking’ mundial e ao da Liga de Diamante de 2021, depois dos segundos lugares nos campeonatos do mundo Moscovo2013 e Pequim2015, ainda como cubano.
Em Doha2019, na estreia em Mundiais como português, o saltador do Benfica terminou na quarta posição.
“Esta medalha é de Portugal”
Pichardo afirmou que o título de campeão do mundo do triplo salto que conquistou “é de Portugal”, assumindo-se emocionado por conseguir uma medalha que lhe faltava.
“Esta medalha é de Portugal”, vincou no sábado o agora campeão do mundo. O atleta do Benfica, de 29 anos, admitiu sentir “uma emoção muito grande” por ter conseguido “um título que estava em dívida”, dedicando o triunfo à família e também ao país que o acolheu e o naturalizou, em 13 de novembro de 2017.
“Dedico a vitória ao meu pai [ e treinador, Jorge Pichardo], à família, ao clube e ao país, Portugal, que [meu] deu oportunidade para seguir a carreira ao mais alto nível, mas também às Câmaras de Setúbal e de Palmela e ao Pinhal Novo. A toda a minha equipa, à seleção e a Portugal inteiro, agradeço-lhes muito”, afirmou Pichardo, na zona mista do estádio Hayward Field.
O recorde nacional e, sobretudo, a ‘fasquia’ dos 18 metros ficaram a faltar, segundo o saltador luso, que tem como recorde pessoal os 18,08 alcançados em maio de 2015, ainda como cubano.
“Eu sou muito ambicioso, estou feliz, era um título que estava em dívida, mas não vou esconder que queria saltar 18 metros. A época ainda não acabou e vou continuar a tentar”, prometeu.
Questionado sobre o pai, o principal ‘patrocinador’ da candidatura a recordista mundial e à superação dos históricos 18,29 do britânico Jonathan Edwards, o atleta assegurou a satisfação.
“O meu pai está muito feliz, pela vitória e porque consegui uma boa marca logo no primeiro salto. Embora não tenha ultrapassado os 18 metros, campeão do mundo é sempre campeão do mundo”, vincou.
“Foi igual a Tóquio, o Lázaro só saltou bem na pista coberta. O Zango e o Zhou, só trocaram de lugar, mesmo que o Lázaro tivesse feito a melhor marca ficava em quarto, mas eu sei que ele não é tão bom ao ar livre. Foi como eu estava à espera”, assegurou.
Já depois de ter recebido a medalha, já sem a multidão que assistiu à competição, por força do agendamento tardio destas cerimónias, para fora dos horários de transmissão televisiva, Pichardo reiterou o conhecimento do hino nacional.
“Eu vou ter sempre sotaque. Eu já tenho anos em Portugal, a minha filha nasceu lá, a minha mulher fala português e é português que eu falo em casa e já sei o hino há muito tempo, mas claro que tenho sotaque e claro que foge sempre alguma palavra para o espanhol, é normal”, realçou.
Ainda na zona mista, não se mostrou incomodado por ser a primeira edição de campeonatos do mundo em que o país onde nasceu não sobe uma única vez ao pódio: “Esta medalha é de Portugal, já não tenho nada que ver com Cuba”, rematou.
Pichardo feliz com ouro, mas quer mais
Pichardo assumiu-se satisfeito com a conquista do título mundial de triplo salto, ressalvando que ainda quer mais.
“Ainda falta ser o primeiro português a ultrapassar a barreira dos 18 metros, ainda falta bater o recorde do mundo, falta ser campeão da Europa, falta muita coisa, muita coisa, porque há sempre alguma coisa para conquistar”, afirmou Pichardo.
“Entrei só a pensar em mim, focado em fazer um grande salto. Queria, pelo menos, ultrapassar a barreira dos 18 metros e comecei a tentar, fiquei a poucos centímetros. Voltei a tentar, no segundo, também não saiu e foi assim até ao final. O mais importante foi a medalha de ouro! E estou feliz!”, sublinhou o saltador do Benfica.
“Temos muitos anos no desporto e só de olhar conseguimos perceber se os rivais estão bem ou não. Desde a qualificação já sabia que, fazendo um bom salto, eles não iam conseguir, porque não estavam bem. Já sabia disso e aproveitei”, referiu.
ZAP // Lusa