Com o início do verão, os médicos norte-americanos estão a observar cada vez mais casos de uma rara alergia a carne relacionada com uma picada do carraça estrela solitária- que provoca comichão, inchaço na pele e diarreia.
A carraça estrela solitária tem este nome devido a uma marca característica nas suas costas semelhante ao formato do estado do Texas, também chamado de Lone Star, ou estrela solitária.
Este animal vive na região do sudoeste dos EUA e no leste do México, mas já foi encontrado no norte da América do Sul. Conforme as temperaturas do planeta aumentam, a carraça tem vindo a espalhar-se cada vez mais pela América do Norte.
Quando esta carraça pica uma vaca ou outro mamífero e depois pica uma pessoa, é capaz de passar um açúcar chamado galactose-alpha-1, 3-galactose para a corrente sanguínea humana. Este açúcar, também conhecido como Alpha-Gal, pode causar uma reprogramação do sistema imunológico da pessoa, o que provoca alergia a carne.
Depois do contacto com o Alpha-Gal, o corpo pode criar anticorpos contra este açúcar, que está presente nas carnes e em algumas medicações que contêm gelatina como estabilizador.
“Há um atraso na reação. O Alpha-Gal tem que viajar pelo sistema digestivo da pessoa. Horas depois, o paciente acorda com falta de ar, vómitos, diarreia e comichão”, explica Cosby Stone, professor de alergia e imunologia da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos.
Em alguns casos, os pacientes são reencaminhados para a unidade de cuidados intensivos. “Alguns pacientes precisam da UCI porque a pressão sanguínea é tão baixa que faz com que estejam em risco iminente de morte”, diz o especialista.
Por enquanto o tratamento para esta síndrome é o mesmo que as alergias convencionais, sem qualquer cura ou vacina preventiva.
Casos têm aumentado
Inicialmente, a doença só se propagava no sudoeste dos EUA, mas agora está a tornar-se cada vez mais comum em outras zonas do país, conforme as temperaturas do planeta ficam mais altas. Já foram registados vários casos da doença em Nova York e no Minnesota.
“Há cinco anos atrás, provavelmente tínhamos 50 pacientes com a síndrome Apha-Gal. Agora temos cerca de 200”, aponta o médico. A síndrome começou a ser estudada há apenas dez anos, por isso os cientistas ainda não têm muita base para comparação.
“O conhecimento sobre a Alpha-Gal tem aumentado. Também é possível que como as alergias em geral estão a aumentar, as reações ao açúcar também estejam a aumentar”, justifica Cosby Stone.
Para evitar picadas de carraças, as pessoas devem evitar áreas com relva alta, usar repelente de insetos e calças compridas.
ZAP // Hypescience