Phobos, a estranha lua de Marte de origem desconhecida, pode esconder importantes segredos

Phobos, um dos dois satélites naturais de Marte

Pouco se sabe sobre o misterioso satélite de Marte. A missão MMX quer mudar isso —  vai capturar amostras e estudar a lua marciana, que pode dar-nos boas dicas sobre a história do planeta vermelho.

Phobos e a sua lua vizinha mais pequena, Deimos, ambas descobertas em 1877, são dois dos mundos mais desconcertantes do Sistema Solar — e as duas luas que orbitam o planeta que mais investigamos e onde.

“São os únicos objetos, nesta fase do sistema solar, para os quais não temos praticamente nenhuma ideia do que são”, diz Pascal Lee, do Instituto SETI, na Califórnia, à New Scientist. “Sabemos o que são as outras luas. Conhecemos os asteroides e os cometas. Phobos e Deimos? Não fazemos ideia”.

Há quem acredite que são asteroides, mas há também quem defenda que possam ter-se formado do mesmo disco de matéria planetária primordial que Marte.

“O que raio são eles?” pergunta Abigail Fraeman do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, na Califórnia. “Penso que este é um dos grandes mistérios da ciência planetária”.

“Phobos e Deimos sempre foram uma espécie de mundos negligenciados por estarem ligados a um mundo tão interessante — Marte”, diz David Minton, da Universidade Purdue, no Indiana. “Sempre foram uma espécie de reflexão tardia”.

Uma coisa é sabida e amplamente partilhada na comunidade científica: a lua está a cair em direção a Marte e, nos próximos 100 milhões de anos, ou se esmagará contra o planeta ou será despedaçada para formar um anel que choverá sobre Marte ao longo de milénios.

Não só Phobos e Deimos não se parecem nada com Marte, como a composição da sua superfície também é diferente.

Uma análise feita por Sonia Fornasier e outros investigadores do Observatório de Paris, sugere que, espectroscopicamente, Phobos e Deimos se parecem mais com duas partes de um cometa morto que se separou quando foi puxado para a órbita de Marte.

“Penso uma coisa num dia e outra noutro dia”, diz Fraeman. “A minha hipótese favorita, neste momento, é que provêm de um impacto, mas o que resta é maioritariamente o impactor misturado com um pouco de Marte”.

Se Phobos tiver, em tempos, sido um asteroide, isso contribuiria para a nossa compreensão da história sobre a evolução da habitabilidade no sistema solar interior. “Isso dirá algo muito importante sobre os mecanismos que levam estes ingredientes muito importantes aos planetas interiores”, explica Fraeman.

Em 2026, a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) deverá lançar a sonda Martian Moons eXploration (MMX) para observar Fobos de perto— e, se tudo correr como o previsto, recolher amostras da sua superfície e devolvê-las à Terra.

“É a primeira missão de retorno de amostras do campo gravitacional marciano e do satélite marciano Phobos”, diz o astrónomo Tomohiro Usui.

“Vamos obter mais de 10 gramas de materiais de Phobos… e talvez 10 miligramas de amostras marcianas. Dez miligramas é uma quantidade enorme para um cósmico”, explics. “Este é o meu tipo de sonho realista. Vai ser real”.

E, se tudo corresse tão bem como os astrónomos anseiam, a MMX poderia ser um passo em frente para estabelecer uma presença humana na órbita de Marte, possivelmente com Phobos como posto avançado.

É mais pequeno, muito mais fácil aterrar e descolar — e seria o local perfeito para operar robôs na superfície do planeta vermelho.

ZAP //

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