As pessoas passam quatro horas por dia a melhorar a aparência

Uma investigação internacional revelou que as pessoas em todo o mundo passam uma média de quatro horas por dia a melhorar a aparência.

De acordo com o estudo, publicado recentemente na Evolution and Human Behavior, cuidar da beleza não depende do género e as pessoas mais velhas preocupam-se tanto com a imagem como as mais novas.

Segundo a análise, o preditor mais forte de comportamentos atrativos parece ser a utilização das redes sociais.

As pessoas sempre valorizaram a beleza. Ao longo da História, têm feito grandes esforços para melhorar a aparência física. Os primeiros Homo sapiens aplicaram pigmentos para decorar os seus corpos e as civilizações antigas já usavam cosméticos, roupas ornamentadas e joias.

Alguns estudiosos consideram que a nossa tendência para melhorar a imagem pode ter tido origem com os comportamentos dos primatas.

De uma perspetiva evolutiva, relatou o Phys Org, isso pode fazer parte do comportamento de acasalamento, uma vez que ter boa aparência indica boa saúde e boa genética, maximizando as hipóteses de ter uma descendência também saudável. A aparência física é, assim, um dos critérios chave na seleção de um companheiro.

Nessa perspetiva, presume-se que as mulheres estejam mais interessadas em aumentar a sua atratividade física do que os homens, e pensa-se que as mulheres solteiras mais jovens estão particularmente preocupadas com a sua aparência.

Mas há outras teorias. A teoria dos agentes patogénicos sugere que as pessoas de países com uma elevada prevalência de infeções perigosas – como leishmaniose, a tripanossmíase, a malária e a lepra – passam mais tempo a melhorar o seu aspeto, de forma a esconder imperfeições que podem ser vistas como sinais de doença.

Caraterísticas socioculturais e a influência da utilização de redes sociais e da comunicação social também podem ter impacto no tempo que as pessoas investem na sua aparência.

Neste estudo, o grupo analisou uma série de teorias para determinar quais os fatores que têm maior impacto no comportamento que busca a melhoria da aparência. Ao longo da investigação estudaram mais de 93.000 pessoas, de 93 países, sobre a quantidade de tempo que passam diariamente a melhorar a sua aparência física. Até à data, referiram, é o maior estudo realizado em psicologia evolutiva.

“Conseguimos recolher dados sobre quase 100.000 pessoas numa amostra muito grande em termos de idade, educação e nível de rendimento, incluindo muitos participantes de países não industriais para os quais não tínhamos dados anteriormente”, indicou Dmitrii Dubrov, um dos autores do estudo.

Considerando a hipótese evolutiva, os investigadores descobriram que tanto homens como mulheres passam um média cerca de quatro horas por dia em comportamentos concebidos para aumentar a sua atratividade – maquilhar, cuidar do cabelo, selecionar roupas, praticar exercício físico ou seguir uma dieta específica.

Verificaram ainda que os jovens passam tanto tempo como os mais velhos a cuidar da imagem. As pessoas que iniciam as suas primeiras relações românticas tendem a passar mais tempo ainda a melhorar a sua aparência, em comparação com as que são casadas ou que já namoram há algum tempo.

A hipótese de agentes patogénicos foi parcialmente confirmada: indivíduos com um historial de doenças graves eram mais suscetíveis de passar mais tempo a melhorar a sua aparência, mas não foi confirmada qualquer associação entre o investimento na beleza e o facto de se viver num país onde existem determinados patogénicos.

As mulheres de países com maior desigualdades de género tendem a investir mais tempo e esforço na melhoria da beleza do que as mulheres de países que têm promovido a igualdade de género. O mesmo acontece em países e culturas com atitudes tradicionais.

Nas sociedades em que são valorizadas as realizações pessoais em detrimento das coletivas também é enfatizada a importância de melhorar a atratividade física.

A utilização das redes sociais são o mais forte preditor de comportamentos que aumentam a atratividade. Os utilizadores ativos – em particular aqueles que se esforçam por padrões de beleza irrealistas e preocupam-se quando as suas imagens apresentam menos visitas – têm investido mais tempo na melhoria da sua aparência.

“Neste artigo, testámos cinco teorias existentes que lançam luz sobre os comportamentos que aumentam o poder de atração das pessoas. Estas teorias são complementares e não mutuamente exclusivas”, referiu Dmitrii Dubrov.

“Confirmámos certas suposições e obtivemos alguns resultados interessantes e menos esperados. Este estudo é um passo importante na investigação evolutiva e sociocultural que permitirá uma melhor compreensão da psicologia humana e das nossas atitudes em relação à beleza”, concluiu ainda o investigador.

ZAP //

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