“F***-se, acreditas que perdi contra este gajo?” Confissão privada pode tramar Trump

2

Michael Reynolds / EPA

Trump terá admitido em privado que perdeu as eleições presidenciais contra Joe Biden e os testemunhos dos seus conselheiros podem ser úteis caso seja aberto um processo contra o ex-Presidente.

A mais recente e possivelmente última audiência da comissão da Câmara dos Representantes que está a investigar o ataque ao Capitólio fez uma revelação importante que pode estar a passar despercebida — Donald Trump terá admitido em privado que perdeu as eleições presidenciais de 2020.

De acordo com o testemunho de Alyssa Farah, uma ex-conselheira da Casa Branca, Trump confessou que foi derrotado na semana depois da proclamação oficial da vitória de Joe Biden. “F***-se, acreditas que perdi contra este gajo?”, terá dito o então Presidente na Sala Oval quando viu Biden na televisão.

Já Cassidy Hutchinson, uma conselheira do então chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows, revelou que o ex-Presidente disse a Meadows: “Não quero que as pessoas saibam que perdemos, Mark. Isto é embaraçoso. Desenrasca-te”.

Segundo Hutchinson, estas declarações decorreram em Dezembro de 2020, na altura em que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos recusou ouvir os processos que Trump abriu onde contestava os resultados na Geórgia, na Pensilvânia, no Michigan e no Wisconsin.

O congressista republicano Adam Kinzinger lembra que estes processos eram, para Trump, a “última oportunidade de ter sucesso em tribunal” e conseguir comprovar que houve fraude.

A comissão usou os testemunhos para argumentar que Donald Trump sabia perfeitamente que tinha perdido, mas que continuou na mesma a alegar que tinha sido vítima de fraude eleitoral e a tentar reverter a vitória de Joe Biden.

Para este efeito, o testemunho de Farah é ainda mais concreto e útil do que o de Hutchinson — isto porque, no primeiro, Trump terá admitido que foi derrotado por Joe Biden, enquanto que no segundo pode simplesmente dizer que se estava a referir à vergonha por ter perdido o caso no Supremo.

Assim, pode ficar provada a intenção do ex-Presidente de reverter os resultados de uma eleição que sabia que tinha perdido, o que pode ser decisivo num eventual processo criminal que seja aberto contra Trump. Estas são as provas mais fortes que a comissão parlamentar conseguiu até agora de que Trump tinha consciência de que tinha sido derrotado.

Kinzinger também aponta para as decisões irresponsáveis e urgentes que Trump fez nas suas últimas semanas de mandato como sinais de que o ex-Presidente sabia que estava de saída da Casa Branca.

“O Presidente Trump acelerou para completar as suas decisões inacabadas”, afirma o congressista, citando a ordem executiva onde o chefe de Estado decidiu retirar imediatamente as tropas americanas no Afeganistão e na Somália. “Estas são decisões muito importantes para um Presidente que sabe que o seu mandato terminará em breve”, acrescenta.

Comissão intima Trump a testemunhar

A comissão também finalmente intimou oficialmente Donald Trump. O presidente Bennie G. Thompson afirma que é a “obrigação” do painel ouvir o testemunho da “pessoa que está no centro da história do que aconteceu a 6 de Janeiro”.

Assim, Trump terá agora de testemunhar e entregar documentos relativos à investigação à comissão parlamentar. No entanto, as intimações do Congresso não são obrigatórias e o ex-Presidente pode — e certamente será isso que vai fazer — recusar testemunhar.

Apesar de poder recusar, a decisão de não comparecer também tem consequências. Caso Trump acabe por ser acusado formalmente pelo seu envolvimento no ataque ao Capitólio, os procuradores podem adicionar a ofensa de “desobediência ao Congresso” à lista de acusações.

O caso de Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump que já foi condenado por recusar testemunhar e entregar documentos ao Congresso, é um exemplo disto. A pena por cada uma destas ofensas pode ir de 30 dias até um ano de prisão.

Trump pode também desafiar a intimação em tribunal, algo que se pode arrastar durante meses. No geral, os especialistas ouvidos pelo The Washington Post argumentam que a intimação acaba por ser mais uma decisão simbólica da comissão.

Adriana Peixoto, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

2 Comments

  1. “F***-**, tu acreditas que o Benfica perdeu contra estes gajos?”

    Isto são provas altamente incriminatórias!!!
    Crucifiquem-no já!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.