Uma equipa de neurocientistas resolveu o mistério da localização de fontes sonoras debaixo de água, que não existe nos seres humanos, descrevendo o mecanismo de audição de um pequeno peixe.
O som, nestas condições, viaja cerca de cinco vezes mais depressa do que em terra.
Isto torna a audição e a localização do som quase impossível, porque o cérebro humano determina a origem de um som analisando a diferença do tempo entre a sua chegada de um ouvido a outro.
Segundo o Ciencia Plus, os investigadores observaram que há peixes que conseguem localizar fontes sonoras, como presas ou predadores.
É o caso do Danionella cerebrum, um peixe com cerca de 12 milímetros e quase totalmente transparente durante toda a sua vida. Além disto, tem o cérebro mais pequeno de um vertebrado, mas, mesmo assim, apresenta uma série de comportamentos complexos, incluindo a comunicação através do som.
Num novo estudo, publicado esta quarta-feira na Nature, a equipa de cientistas utilizou o peixe para entender como as células nervosas do peixe comunicam entre si.
O trabalho tinha como objetivo analisar o desenvolvimento do sentido da audição e a forma como os peixes conseguem localizar uma fonte de som debaixo de água.
“Para descobrir se, e sobretudo como, um peixe consegue distinguir a direção do som, construímos altifalantes subaquáticos especiais e reproduzimos sons curtos e altos”, explica o primeiro autor do estudo Johannes Veith, em comunicado.
“Depois analisámos a frequência com que Danionella evita o altifalante, o que significa que reconhece a direção de onde vem o som.”
O peixe consegue detetar o eixo ao longo do qual o som se move, mas não a direção de onde vem. Isto acontece porque o som é uma forma de oscilação, um movimento contínuo para a frente e para trás.
Para as análises, foi utilizada uma câmara para filmar cada peixe a partir de cima e seguir a sua posição exata. Este método permitiu que a equipa fosse capaz de identificar os ecos e suprimi-los.
Através do estudo, os investigadores observaram que os peixes têm um mecanismo de audição completamente diferente dos humanos, pois conseguem percecionar a velocidade das partículas.
Estas conclusões foram obtidas a partir de imagens obtidas por um microscópio de varrimento a laser especialmente concebido para o efeito, que analisa as estruturas no interior do ouvido do peixe num padrão estroboscópico enquanto é reproduzido um som.
Os investigadores planeiam agora continuar o seu trabalho de modo a determinar quais as células nervosas que são especificamente ativadas quando os sons são reproduzidos debaixo de água.