A “pele viva” da Terra está a ser ameaçada pelas alterações climáticas

Penn State

A crise climática e as secas mais frequentes estão a pôr em risco as biocrostas, um tipo de pele viva essencial para muitos ecossistemas.

Um estudo pioneiro publicado na Frontiers in Microbiology revelou mais dados sobre o papel essencial que os micróbios desempenham na formação de biocrostas, um tipo de pele viva prevalente em muitos ecossistemas semi-áridos a nível global. As descobertas indicam que estas comunidades microbianas estão sob ameaça devido às alterações climáticas.

Biocrostas, ou crostas biológicas do solo, são uma combinação de organismos que formam uma camada superficial perene e estruturada nos solos. Estas crostas são mais comuns nas regiões onde a água limitada inibe o crescimento regular de plantas, mas ainda permite a proliferação de microrganismos.

Estes organismos desempenham funções vitais no ecossistema, como absorver o carbono e nitrogénio da atmosfera e incorporá-los no solo, reciclar nutrientes e prevenir a erosão do solo, refere o SciTech Daily.

“Atualmente, as biocrostas cobrem aproximadamente 12% da superfície terrestre da Terra e esperamos que diminuam cerca de 25% a 40% nos próximos 65 anos devido às alterações climáticas e à intensificação do uso da terra”, explica Estelle Couradeau, professora assistente de solos e microbiologia ambiental e autora principal do estudo.

Uma das funções essenciais das biocrostas é o seu papel na estabilização do solo, que ajuda a mitigar o pó e a erosão. “Estudos indicam que as biocrostas em terras áridas reduzem substancialmente os níveis de pó na atmosfera. Uma perda de biocrostas poderia resultar num aumento entre 5% e 15% na emissão global de pó, com implicações profundas para o clima, ambiente e saúde pública”, acrescentou Couradeau.

A equipa recolheu amostras do Planalto do Colorado, perto de Moab, no Utah. Estas amostras foram principalmente recolhidas após chover, quando o solo húmido ativou os micróbios, que ficam dormentes em condições secas. Quando expostos à água, reativam-se rapidamente, envolvendo-se na fotossíntese e fixação de nutrientes.

Para o estudo, os investigadores utilizaram uma combinação de marcação de aminoácidos não canónicos bioortogonais (BONCAT) e técnicas de ordenação celular ativadas por fluorescência.

Estes métodos foram combinados com a sequenciação metagenómica shotgun para avaliar todos os genes em todo o espetro de organismos presentes nas amostras de biocrosta. Esta abordagem inovadora permitiu à equipa distinguir entre microrganismos ativos e inativos nas biocrostas após ficarem molhadas.

As implicações desta investigação são vastas, pois compreender estas dinâmicas microbianas pode dar-nos dados sobre a resiliência das biocrostas face aos desafios da crise climática e secas frequentes. As descobertas sublinham a necessidade de esforços intensificados para estudar e proteger estes ecossistemas críticos.

ZAP //

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