Um caça militar da DARP pilotado por IA enfrentou um piloto humano numa ‘dogfight‘ usando jatos reais num combate aéreo — um marco importante na aeronáutica autónoma e na automação militar.
Um caça autónomo X-62A desenvolvido pela agência norte-americana de pesquisa militar DARPA e pela Força Aérea dos EUA enfrentou um piloto humano, no que é o primeiro embate deste género a que a Humanidade assiste.
O evento fez parte do programa Air Combat Evolution (ACE) da DARPA, lançado em 2019 com o objetivo integrar a inteligência artificial no combate aéreo.
O X-62A, também chamado VISTA (“Variable In-flight Simulator Test Aircraft”), é um jato F-16 Fighting Falcon modificado, pilotado por inteligência artificial, sem qualquer intervenção humana.
“A equipa do X-62A demonstrou que a autonomia de ponta baseada na aprendizagem automática pode ser usada com segurança para efetuar manobras de combate dinâmicas”, afirmou Frank Kendall, Secretário da Força Aérea dos Estados Unidos.
“A equipa conseguiu esta proeza ao mesmo tempo que cumpria as normas americanas para a utilização segura e ética da tecnologia autónoma”, acrescentou o responsável militar, num vídeo divulgado pela DARPA.
Embora a equipa do ACE não tenha revelado o resultado da luta em termos de pontuação, confirmou que a IA teve o desempenho esperado sem que os pilotos de segurança tivessem de intervir.
Os aviões controlados por IA representam uma enorme vantagem para os militares. Além de reduzir os ferimentos e acidentes dos pilotos, as IAs têm também o potencial de analisar muito rapidamente grandes quantidades de dados – permitindo decisões mais informadas, mais depressa.
“O nosso melhor vai levar sempre alguns décimos de segundo a tomar uma decisão e executá-la. Uma IA vai fazê-lo num micro-segundo“, explicou Kendall, em 2023, ao Defense Scoop.
A DARPA decidiu testar este conceito treinando uma IA para operar um caça durante uma dogfight — uma batalha aérea a curta distância entre dois aviões militares.
“Uma dogfight é extremamente perigosa. Se a Inteligência Artificial consegue funcionar eficazmente num ambiente tão perigoso como um destes combates ar-ar, então tem o potencial de ganhar a confiança dos humanos à medida que procuramos aplicações menos perigosas mas igualmente complexas”, explica o Coronel James Valpiani, comandante da Escola de Pilotos de Teste da Força Aérea.
Desafios anteriores tinham já colocado frente-a-frente equipas de caças pilotados por IA contra pilotos humanos em combates simulados — com vitórias para os caças IA, recorda o Freethink.
No entanto, a física do mundo real é incrivelmente difícil de simular, levando a um fenómeno chamado “sim-to-real gap“, em que uma IA não tem um desempenho tão bom como nas simulações quando lhe é dado controlo sobre algo real, como um robô, um carro ou um avião.
Infelizmente, a equipa do ACE não diz quem ganhou a primeira luta entre o piloto de caça com IA e o piloto humano. Resta-nos tentar adivinhar…