Há ali uns “ares” de Sócrates em Pedro Nuno

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ZAP // José Sena Goulão, Mário Cruz, José Coelho / Lusa

Agora que está, pela primeira vez, em debates frequentes na televisão, algumas semelhanças começam a ser mais visíveis.

Primeiro ponto desta análise: Pedro Nuno Santos não é José Sócrates. Nem como político, nem na sua personalidade.

Há ligações óbvias: o PS, o cargo de secretário-geral do partido e foram ministros – e, em breve, o cargo de primeiro-ministro também poderá uni-los.

Mas não são iguais.

Mesmo não sendo iguais, agora que Pedro Nuno está pela primeira vez em debates mais longos na televisão, em directo, algumas semelhanças entre os dois começam a ser mais visíveis.

O tom, a postura em cada debate, até há algumas frases. A habitual “eu peço desculpa” – mas só eu é que tenho razão aqui e vou dizer aquilo que me apetece (claro que não diz esta parte), que faz logo recordar os tempos de Sócrates no mesmo contexto.

Isto aliado à expressão frequente “santa paciência”, que também já utilizou em diversos contextos, não só em debates.

Como disse o comentador Henrique Raposo, Pedro Nuno Santos faz lembrar “outra figura ainda mais funesta”: José Sócrates. “Quando estou a olhar para o Pedro Nuno Santos, parece que estou a ver um avatar do José Sócrates. Tem ali um cheirinho, um odor a José Sócrates, no tom, na pose, aquela pose de ‘beato progressista’”, analisou Henrique, na rádio Renascença.

No debate com Rui Tavares, realizado na sexta-feira passada, houve ali dois momentos em que Pedro Nuno tentou controlar o rumo da conversa, queria aparentemente decidir que temas deveriam ser debatidos e o que falar.

Primeiro, tentou mudar a sequência do debate, directamente com o moderador João Adelino Faria, perguntando se podia falar sobre o – já referido no debate – passe ferroviário nacional (que não estava na lista do jornalista da RTP). Não conseguiu, perguntou “mas depois posso falar nisto?”, ouvindo a resposta “quem faz as perguntas ainda sou eu”.

No mesmo debate, ouviu uma pergunta directa: o PS vai derrubar um eventual Governo de maioria relativa da AD? Não respondeu directamente e justificou: “Estou a responder da forma directa que eu entendo que devo responder”.

Mais à frente, quando estava a tentar convencer eleitores a votar no PS, foi interrompido por João Adelino Faria porque o debate estava perto do fim e ainda faltava falar sobre saúde. Pedro Nuno lamentou: “Eu queria poder terminar o que estava a dizer. Senão, também é só o moderador que decide o que nós dizemos e podemos dizer, e nós estamos só a fazer…” – e não acabou a frase, acrescentando poucos segundos depois (quando foi interrompido novamente) que o moderador estava “sempre a interromper o que estamos a dizer”.

As recordações são quase imediatas: os debates ou entrevistas em que José Sócrates tentava controlar o rumo das conversas. E ficava visivelmente incomodado quando não o conseguia, quando não dizia tudo o que queria e quando queria.

No caso do antigo primeiro-ministro, o esquema é mais amplo porque, no processo que ainda decorre, há anos que o Ministério Público acredita que Sócrates tentou dominar a comunicação social em Portugal. Era quase uma obsessão com os jornalistas – e ainda é, como se viu recentemente no dia em que se soube que vai ser julgado por corrupção e teve uma conversa mais “quente” com um jornalista poucas horas depois.

As comparações vão mais longe. João Miguel Tavares escreveu no jornal Público que Pedro Nuno Santos, defensor do “decidir” e de avançar, afirmou em Novembro passado: “Só há uma forma de nós não cometermos erros, e há muita gente em Portugal que não comete erros: são normalmente aqueles que não fazem nada. Quem não faz, quem não decide, não comete erros. Quem faz, quem trabalha, quem arrisca, quem assume posições, muitas vezes comete erros”. José Sócrates disse isto em 2011: “Quem age pode vir a cometer erros, mas um erro nunca cometemos: foi o erro de deixar de agir, foi o erro de adiar”.

Se recuarmos a 2011, lembra o Polígrafo, Pedro Nuno Santos disse publicamente que apoiava… José Sócrates: “Só há uma liderança que coloca Portugal à frente de tudo: é a de José Sócrates, é a liderança do Partido Socialista”. Sócrates respondeu e disse que Pedro Nuno era “um dos melhores quadros políticos” do PS.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

4 Comments

  1. Não fosses da direita e ainda era capaz de ler com atenção!

    Em 2019, dizia este comentador da renascença:
    “Sou daqueles eleitores clássicos de direita, que hesita sempre entre votar PSD ou CDS. Normalmente, são questões de pormenor que decidem o meu voto, porque, na minha cabeça, estou sempre a votar no mesmo bloco político-partidário. Em 2019, não vou ter essa hesitação. Claro que vou votar CDS”…

  2. Portugal não aguenta mais disto! Espero que os tugas percebam de uma vez por todas que votar ps faz mal à saúde (e à justiça, e à educação, e à transparência, e à responsabilidade, e à economia, e ao bolso, e à….). Senão, olha, porreiro pá!

  3. Lá estão os jornalistas inventar. Como não têm nada de interessante para dizer poem-se com comparações entre José Sócrates e Pedro Nuno Santos, vale tudo para tentar denegrir o PS e o seu candidata a PM. Santa paciência para estes jornalistas da treta, para não ser mal educado, que provavelmente era o que a maioria deles, jornalistas, mereciam

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