Rui Minderico/Lusa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo
22.º Congresso dos comunistas acaba este domingo e sai de Almada com direção mais pequena, mais jovem e mais feminina. Raimundo eleito por unanimidade.
O PCP encerra este domingo o seu 22.º Congresso, em Almada, com a divulgação dos resultados da eleição para os órgãos executivos da direção — Secretariado e Comissão Política — e um discurso de encerramento do secretário-geral, Paulo Raimundo.
Sábado, a proposta de composição do novo Comité Central do PCP foi aprovada pelos delegados ao Congresso do partido com 98,6% dos votos, contando com 959 votos a favor, seis contra e oito abstenções.
Após a eleição, o novo Comité Central — uma direção com menos membros, mais jovem e com mais mulheres do que a anterior — reuniu-se à porta fechada, para debater e eleger os seus órgãos executivos: Comissão Política e Secretariado.
Este domingo, os dois órgãos executivos do partido foram eleitos por unanimidade pelo Comité Central, assim como o secretário-geral, Paulo Raimundo, que optou por não votar na sua candidatura.
Raimundo fala em “quadro muito exigente”
Sexta-feira, no discurso de abertura do Congresso, Paulo Raimundo acusou o PS de cumplicidade com o Governo – avisando que, no atual momento nacional, “não se pode ficar em cima do muro” -, e considerou que está em curso uma “ofensiva anticomunista e uma campanha de desinformação à escala global”.
O secretário-geral do PCP apelou ainda a um “alargamento da convergência de democratas e patriotas” para romper com políticas de direita e reconheceu que o partido enfrentou nos últimos quatro anos “um quadro muito exigente”.
“Precisamos de recrutar mais, recebendo e integrando aqueles que se dirigem ao partido, mas acima de tudo precisamos de tomar a iniciativa para contactar, mobilizar e convidar para ingressarem no partido”, disse.
Jerónimo e as “costas quentes” da AD
O ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa recorreu à História do último século para sustentar a tese de que os comunistas enfrentaram em vários momentos conjunturas extremamente adversas, sucederam-se as direções, mas sempre souberam erguer-se.
“O que a História nos diz é que o PCP, perante as maiores das dificuldades e adversidades que enfrentou, encontrou sempre força para se erguer e avançar e cumprir os seus compromissos com os trabalhadores e o povo”, declarou.
Numa intervenção de dez minutos, que foi aplaudida de pé pelos delegados comunistas e em que assumiu as dificuldades atuais do seu partido face a um processo “contrarrevolucionário que já dura há 48 anos”, Jerónimo de Sousa procurou sobretudo desdramatizar as condições do tempo do presente e transmitir uma mensagem de confiança em relação ao futuro.
“Quem olhar para a história do PCP verificará que, desde os longínquos anos da sua fundação, nunca teve uma vida fácil, mas nunca desistiu. Ilegalizado quase à nascença, não aceitou a sentença da sua liquidação e partiu para a luta pela conquista da liberdade e da democracia, correndo os maiores riscos e atravessando as mais tenebrosas conjunturas”, referiu.
Sobre os últimos anos da política nacional, o anterior líder não se pronunciou sobre a experiência da “Geringonça”, tempo em que liderou o PCP, com o partido a apoiar no parlamento executivos minoritários do PS. Falou apenas em termos globais, dizendo que “o Governo da AD (Aliança Democrática), com as costas quentes da Iniciativa Liberal e do Chega, quer levar mais longe” o processo contrarrevolucionário em Portugal.
Depois, fez uma defesa vigorosa sobre a utilidade da ação do PCP. “Onde não iria a liquidação das conquistas de Abril e do regime democrático, a própria exploração do trabalho, que seria mais profunda, se não fosse a luta constante, firme e leal do PCP?”, perguntou.
João Oliveira: “foi difícil”
Para o eurodeputado, “podem conjeturar-se múltiplos cenários, mas sem reforço do PCP, as aspirações de mudança não terão a concretização esperada”, disse João Oliveira: “sendo indispensável à construção da alternativa, o PCP será igualmente indispensável a um governo que lhe dê expressão”.
O eurodeputado do PCP afirmou que o partido conseguiu enfrentar um período “difícil e exigente” nos últimos quatro anos, salientando que o queriam “derrotado e em debandada”, mas o encontram “firme e unido”.
Oliveira salientou que o período que decorreu desde a última reunião magna do partido, em 2020, “foi difícil e exigente”, devido à “degradação das condições de vida, à agudização das desigualdades e injustiças sociais, os preocupantes desenvolvimentos da situação internacional, em especial a pandemia e a escalada de confrontação e guerra”.
A esses elementos “particularmente negativos”, o eurodeputado do PCP referiu que se acrescentou ainda uma “violenta ofensiva contra o partido”, “com o objetivo de condicionar ou mesmo impedir” a sua ação e afirmação das suas posições políticas.
João Oliveira defendeu que o partido enfrentou “todas essas batalhas com a coragem e a determinação que caracterizam o PCP e a luta de mais de 100 anos dos comunistas portugueses”.
“Queriam-nos derrotados e em debandada, mas encontraram-nos firmes e unidos. Queriam-nos calados, encolhidos e isolados, mas encontraram-nos inconformados, determinados, a apontar o caminho ao encontro das massas e a confirmar, com elas, a força e a razão de ser das nossas condições”, afirmou, numa intervenção que levantou os delegados presentes no Congresso.
Oliveira apontou ainda como solução “deslocar para a esquerda amplos sectores da sociedade, seja na base social e eleitoral de outros partidos, como o PS”, “seja captando o descontentamento e a revolta que os projectos reaccionários procuram instrumentalizar a seu favor”.
Contas com saldo positivo entre 2020 e 2023
O partido alcançou um resultado financeiro positivo entre 2020 e 2023 de cerca de 732 mil euros médios anuais, anunciou a dirigente Manuela Pinto Ângelo, que avisou, contudo, que ainda persistem dificuldades.
A membro do Secretariado do Comité Central salientou que as contas do partido entre 2020 e 2023 “confirmam que o financiamento do partido assenta nas receitas e meios próprios”, com 91% do total das receitas a decorrer diretamente de “quotas, contribuições de militantes, de eleitos e membros das mesas de votos, donativos de amigos e simpatizantes ou iniciativas de fundos”.
A dirigente do PCP ressalvou contudo que, apesar de o resultado financeiro dos últimos quatros anos ser “importante”, “seria um erro e uma ilusão pensar que foram ultrapassadas todas as dificuldades e a situação de significativo desequilíbrio financeiro” referenciada no último congresso.
Entre as “insuficiências não superadas”, Manuela Pinto Ângelo destacou em particular o facto “de a grande maioria das organizações regionais ainda não garantirem os meios suficientes para as suas necessidades“.
“E estarmos perante um resultado que depende de receitas institucionais, que representam 9% do total, e outras receitas extraordinárias não permanentes e conjunturais, não sendo por isso o garante do equilíbrio financeiro”, frisou.
Numa alusão ao facto de apenas 31,7% dos militantes do partido pagarem atualmente as quotas – o que, nas teses, se considera como “insuficiente para as necessidades” – a dirigente do PCP salientou que, “no financiamento do partido, a quotização é a receita própria mais regular e estável“.
Manuela Pinto Ângelo defendeu que é preciso implementar medidas “para aumentar o número de camaradas a pagar a quota, falando com cada um sobre a importância de ter a quota em dia e para um aumento do seu valor” e “alargar o número de camaradas que recebem quotas e aumentar o pagamento por meio bancário para que a quotização se reflita de forma crescente no reforço da situação financeira do partido.
fecho
No 22.º Congresso do PCP, estão presentes 1.012 delegados, a maioria dos quais homens (63,1%), e com uma idade média de 49 anos, segundo indicou este sábado Vera Furão, da comissão de verificação de mandatos. De acordo com a composição etária indicada por Vera Furão, 38% dos delegados ao Congresso têm entre 31 e 50 anos, 22% têm entre 51 e 64 anos e 24% têm mais de 64 anos. Os delegados até 30 anos representam 15% do total.
ZAP // Lusa
Tirar o que? Nenhum socialista quer saber de ser governado por um partido que responde as ordens do putin e Xi e Aiatolá e não quer saber do povo português e que pensa que todos devemos viver como camponeses sem opinião
Mas voce ainda credita que alguns “Socialista”- por muito “Democrata” que se intitule, (Vilgo Marcas Registadas PS, PSD, CDS, e afins) quer saber dos Povos? Ó gente, abram os olhos, essa gente são um ban do de canalhas sem escrupulkos alguns, querem sentarem-se na Cadeira de Moises para sacaram para o seu lado, alem de espezinharem e partirem os ossos oas opositores.
Qualquer coisa é melhor que o comunismo que apenas serve os interesses do Putin e antes serviam os interesses da união soviética a destruir Portugal por dentro. Só estão satisfeitos quando transformarem Portugal igual a Coreia do norte. Se for esse o teu sonho só tens que doar toda a tua propriedade ao partido e viver do que ele de dar para sobreviveres . Bem vindo ao comunismo a doutrina que diz que não podes ter nada pessoal, nem a tua vida te pertence e apenas vives para beneficio do partido.
Continua esta gente impregnada de ilusionismo. Já não têm hipóteses de sobrevivência. O partido é uma manta de velhadas. O futuro é como aconteceu em Espanha, França e Itália, que é o fecho das portas.
Estes comunistas era contra a União Europeia, mas deputados seus nunca deixaram de se sentar nas cadeiras da União. Por aqui se vê a coerência destes pelintras.