O secretário-geral do PCP condenou os ataques do Hamas contra Israel, salientando que não servem “os interesses do povo palestiniano”, mas considerou haver uma “certa hipocrisia” quanto ao tratamento das ações israelitas na Faixa de Gaza.
Em declarações aos jornalistas na Amadora, onde participou numa sessão pública sobre o Orçamento do Estado para 2024, Paulo Raimundo foi questionado se o PCP condena os ataques do Hamas deste sábado.
“Isso não há nenhuma dúvida. Tudo aquilo que envolva operações que tenham como objetivo e destinatário populações civis, é sempre condenável, seja ela do Hamas, seja de quem for”, respondeu o secretário-geral do PCP.
No entanto, Paulo Raimundo defendeu que há uma “certa hipocrisia no ar” sobre esta matéria, considerando que se olha para os ataques do Hamas no sábado de uma maneira e de outra para a situação que se vive na Faixa de Gaza, com “praticamente três milhões de pessoas completamente isoladas, sem acesso a água, a alimentação, a cuidados médicos”.
“Uns atos são condenáveis, porque são atos de índole terrorista, e os outros são o quê? É justiça? É uma vingança? É o quê?”, questionou.
Interrogado se o PCP considera o Hamas uma organização terrorista, Paulo Raimundo respondeu: “Basta olhar para a história, perceber quem ajudou a financiar, a criar, e qual foi o objetivo fundamental da sua criação – em particular, combater as forças democráticas na própria Palestina – para tirar as conclusões”.
“Quem olhar para a história (…) perceberá que, se há coisa que não serve os interesses do povo palestiniano, é este conjunto de ações. E, portanto, nós condenamos essas ações, e em particular as vítimas civis, inocentes, que estão a ser, tal e qual como agora, as primeiras vítimas deste processo”, reforçou.
O grupo islamita Hamas lançou no sábado um ataque terrestre, marítimo e aéreo sem precedentes contra Israel a partir da Faixa de Gaza, na maior escalada do conflito israelo-palestiniano em décadas.
Além de ter matado centenas de pessoas em Israel, o Hamas raptou mais de uma centena de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns na Faixa de Gaza, território que controla desde 2006.
O ataque levou Israel a declarar guerra contra o grupo islamita palestiniano e a responder com bombardeamentos contra a Faixa de Gaza. O Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela UE.