/

Vamos todos ser patrões no futuro, garante a Microsoft

Seremos todos patrões, responsáveis por empregados IA. A Microsoft explica.

Todos vamos ser patrões, um dia. Só não o vamos ser no sentido tradicional.

A previsão é da gigante tecnológica: em vez de gerirem equipas humanas, os trabalhadores vão liderar uma nova geração de agentes de Inteligência Artificial (iA), encarregados de desempenhar múltiplas responsabilidades no local de trabalho.

A transição fará parte da ascensão das “empresas de fronteira”, em que os trabalhadores artificiais funcionarão como funcionários autónomos, com várias tarefas. A empresa fundada pelo bilionário Bill Gates explica que estas empresas serão estruturadas em torno do uso da IA para aumentar a produtividade e a eficiência.

“À medida que os agentes se juntam cada vez mais à força de trabalho, veremos o surgimento do chefe dos agentes: alguém que constrói, delega e gere os agentes para ampliar o seu impacto e assumir o controlo da sua carreira na era da IA”, escreveu o executivo da Microsoft Jared Spataro, no blogue da empresa no passado dia 23 de abril.

“Da sala de reuniões à linha da frente, todos os trabalhadores terão de pensar como o CEO de uma startup impulsionada por agentes”, apontou ainda.

A Microsoft acredita que a maioria das empresas estará em transição para empresas de fronteira já nos próximos 5 anos.

No seu relatório anual Work Trend Index, a tecnológica afirma que estas empresas vão operar com maior agilidade, mais rapidez e gerar valor de forma mais eficiente do que as empresas tradicionais. “Estas empresas crescem rapidamente, operam com agilidade e geram valor mais rapidamente”, lê-se no relatório.

A transição deverá ocorrer em três fases: inicialmente, todos os funcionários terão um assistente pessoal de IA; depois, os agentes de IA serão integrados nas equipas como “colegas digitais”, responsáveis por tarefas específicas; na terceira fase, os humanos assumirão o papel de orientar e gerir esses agentes, nomeadamente para começarem a assumir responsabilidades de gestão da cadeia de abastecimento ou logística, enquanto os humanos continuarão a supervisionar esses processos e a gerir as relações externas.

Mas a Microsoft não faz esta previsão inocentemente: a empresa tem um produto, Copilot Studio, que permite às empresas implementar bots de IA, já adotado por grandes empresas como a gigante de consultoria McKinsey. Agendam reuniões, entre outras tarefas menores.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que 60% dos empregos nas economias avançadas estão expostos à IA. Muitos desses cargos podem ser afetados negativamente, mas por outro lado, o Fórum Económico Mundial estimou em janeiro que a IA vai gerar mais 78 milhões de empregos nos próximos 5 anos — o resultado da criação de 170 milhões de empregos e destruição de 92 milhões, fruto da automatização e extinção de tarefas. Neste cenário, muitos empregos tradicionais vão desaparecer.

Olhando para a realidade portuguesa, 30% dos empregos estão em risco de desaparecer por causa da IA, segundo o recente estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) — o primeiro que aborda os impactos da digitalização, IA e automatização em todo o mercado de trabalho no país.

Tomás Guimarães, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.