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Pássaros e mamíferos são mais ágeis graças aos seus afinados recetores

Um novo estudo sugere que tanto os pássaros como os mamíferos devem os seus passos ágeis aos recetores afinados conhecidos como órgãos tendinosos de Golgi.

Os neurocientistas já sabiam que o sistema nervoso periférico dos tetrápodes (animais quadrúpedes) varia muito. No entanto, de que forma estas diferenças afetam a forma como os animais andam, correm ou se movem permanecia um mistério.

Agora, um artigo científico publicado no Journal of Experimental Biology vem desfazer estas dúvidas: as adaptações neuromusculares – tanto em mamíferos como em aves – podem ter permitido que estes animais se tornassem mais ágeis do que os répteis ou os anfíbios.

Michael Granatosky, investigador do Instituto de Tecnologia de Nova York e autor principal deste estudo, referiu que esta pesquisa pode “explicar por que motivo os tigres têm uma caminhada muito mais suave do que os crocodilos, que arrastam o seu abdómen”. Além disso, pode também esclarecer por que razão os humanos evoluíram ao ponto de, atualmente, andarem com passos tão uniformes.

Os tetrápodes têm pequenos recetores nos músculos – órgãos tendinosos de Golgi – que têm como função proteger os músculos das forças durante a locomoção e outras atividades físicas.

Órgãos tendinosos de golgi em répteis e anfíbios vs pássaros e mamíferos

Quando a tensão muscular aumenta, estes recetores dão sinais ao sistema nervoso para este produzir reflexos que libertam a tensão e previnem eventuais lesões. Tanto os anfíbios como os répteis têm tendões de Golgi, mas estes estão localizados mais longe da junção músculo-tendão, o que sugere que detetam a tensão em todo o músculo.

Pelo contrário, os órgãos tendinosos de Golgi nos pássaros e nos mamíferos localizam-se diretamente na junção músculo-tendão, o que significa que têm uma maior capacidade de detetar tensão em áreas musculares precisas – permitindo, por sua vez, um movimento mais controlado.

“Estas variações estruturais são bem conhecidas, mas nunca ninguém questionou o que realmente significam para os animais”, começou por dizer Granatosky, citado pelo Phys.org. Nesta nova investigação ficou claro que as variações afetam diretamente a forma como os animais respondem às forças que atuam nos seus membros.

Além de ágeis, esta capacidade de resposta dos pássaros e dos mamíferos permite-lhes recuperar rapidamente em caso de queda. Granatosky acredita que os sistemas nervosos menos responsivos dos répteis e dos anfíbios podem ter causado uma necessidade de proteção que levou os animais a adaptar ossos mais fortes.

“Os ossos de répteis e anfíbios podem sustentar forças dez vezes mais pesadas do que o seu peso, enquanto que os ossos de pássaros e mamíferos podem sustentar apenas duas vezes e meia o seu peso”, rematou.

ZAP //

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