Esta ave gigante, que não conseguia voar, tinha uma grande cabeça, com cerca de meio metro de comprimento, mas o seu cérebro estava totalmente espremido por causa do seu bico.
Esta ave não voadora (Dromornis stirtoni), que viveu na Austrália durante o Mioceno, podia chegar aos três metros de altura, pesar até 600 quilos e era dona de uma grande cabeça e de um grande bico. Curiosos, paleontólogos da Universidade Flinders decidiram estudar como era o seu cérebro.
O novo estudo, publicado a 15 de março na revista científica Diversity, que se baseou na análise de fósseis com cerca de sete a 24 milhões de anos, indica que os cérebros e os nervos deste pássaro são mais parecidos com os das galinhas modernas.
“A verdade improvável é que estas aves estavam relacionadas com aves modernas como as galinhas e os patos”, explica, em comunicado, Trevor Worthy, professor associado desta universidade australiana e um dos autores do estudo.
Além disso, como também tinha de dar espaço ao bico que a ajudava a devorar todos os alimentos vegetais de que precisava, o cérebro desta espécie acabou por desenvolver-se de uma forma estranha.
“Este pássaro tinha um grande crânio, mas atrás do enorme bico havia um crânio estranho. Para acomodar os músculos que lhe permitiam mexer o bico, o crânio tornou-se mais alto e mais largo do que comprido. Desta forma, o cérebro acabou por ser espremido e achatado para também conseguir caber”, acrescentou.
“Juntamente com os seus olhos e o bico grandes, a forma dos seus cérebros e nervos sugere que estas aves provavelmente tinham uma visão estereoscópica bem desenvolvida (perceção de profundidade) e alimentavam-se de uma dieta de folhas e frutas”, acrescentou Warren Handley, o autor principal do artigo científico.
Os investigadores acreditam que foi este tipo de capacidades que permitiu a este ‘mihirung’, a palavra aborígene que significa “pássaro gigante”, se adaptar ao clima australiano cada vez mais seco daquela época.
Segundo os autores do estudo, citados pelo site Science Alert, a sua morfologia craniana e endocraniana é “diferente de qualquer outra obtida na evolução das aves”, fazendo desta espécie uma “experiência evolutiva extrema”.