“Salam, salam, salam.” Papa deixa Iraque após visita de três dias ao país

Alessandro Di Meo / EPA

Papa Francisco nas ruínas de quatro igrejas destruídas em Mosul, no Iraque

Terminou, esta segunda-feira, a visita de três dias do Papa Francisco ao Iraque. No fim da última missa que celebrou, disse em árabe: “Salam, salam, salam” (Paz, paz paz).

O Papa Francisco deixou, esta segunda-feira, o Iraque após a primeira visita de um chefe de Estado do Vaticano ao país.

Desde sexta-feira que o Papa percorreu o Iraque tendo-se deslocado a Bagdade, Mossul, Qaragosh, Ur e Erbil. O chefe de Estado do Vaticano defendeu uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo perante o aiatola Ali Sistani, referência religiosa dos muçulmanos xiitas do Iraque.

O Iraque vai continuar para sempre comigo, no meu coração”, disse este domingo o Papa Francisco, de 84 anos, perante milhares de fiéis que se juntaram num estádio de Erbil, Curdistão iraquiano, para uma cerimónia religiosa.

Esta foi a primeira deslocação do Papa Francisco ao estrangeiro nos últimos 15 meses. Devido à pandemia de covid-19, e excetuando a missa de Erbil, o Papa só se encontrou com algumas centenas de pessoas ao longo da viagem.

O Papa percorreu 1.445 quilómetros em território iraquiano, a maior parte do tempo de avião ou de helicóptero sobrevoando zonas onde se encontram células clandestinas de grupos de extremistas islâmicos.

Quando se dirigiu ao país, o chefe da Igreja Católica, disse que o “terrorismo abusa da religião”, apelou à paz e à unidade no Médio Oriente e lamentou a saída de cristãos da zona e que foram obrigados a procurar refúgio noutros países.

A missão de se aproximar das minorias

Na sexta-feira, Francisco aterrou no aeroporto de Bagdade para dar início à viagem por seis cidades iraquianas, com a missão de se aproximar das minorias e de estabelecer pontes ao Islão xiita através de um dos seus principais dirigentes, o aiatolah Ali Sistani, com o qual se reuniu pessoalmente no sábado.

No encontro, que durou menos de uma hora, o Papa agradeceu a Al-Sistani ter “levantado a voz em defesa dos mais fracos e perseguidos”. O gabinete do aiatolah, citado pelo Expresso, contou que falaram das “injustiças e opressão” que sofrem muitos povos da região, incluindo o palestiniano.

Al-Sistani terá assegurado a Francisco ter “interesse em que os cristãos vivam como os iraquianos, em paz e segurança e com todos os seus direitos“.

O chefe de Estado do Vaticano viajou, de seguida, para a região de Ur, onde há uma minoria cristã (os caldeus). Lá nasceu Abraão, o pai das três principais religiões monoteístas do mundo.

Na capital iraquiana, teve um encontro com a comunidade cristã, na catedral síriaca-católica de Nossa Senhora da Salvação, palco do massacre de 47 pessoas às mãos da Al-Qaeda, em 2010, e chamada de “igreja mártir”.

De acordo com o semanário, no último dia, a agenda do Papa Francisco incluiu uma visita a Erbil, maior cidade da região autónoma do Curdistão iraquiano; Mosul, onde orou pelas vítimas da guerra; e Qaraqosh, principal cidade cristã do Iraque, ocupada em 2014 pelos jihadistas.

O Papa encontrou um país confinado pela pandemia e submetido a rigorosas medidas de segurança, mas nem as circunstâncias o impediram de abraçar a comunidade cristã.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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