Há algo de muito poderoso num sincero e genuíno pedido de desculpas. Por outro lado, os pedidos de desculpa mal intencionados podem ser desastrosos e causar mais sofrimento.
No novo livro “Sorry, Sorry, Sorry: The Case for Good Apologies”, Marjorie Ingall e Susan MacCaethy analisaram o poder dos pedidos de desculpa, a razão pela qual nem sempre os recebemos, e a melhor forma de nos desculparmos com alguém.
De acordo com as autoras, citadas pela NPR, há seis passos que devem ser dados quando se trata de um pedido de desculpa. Primeiro, devemos dizer que lamentamos e não que não que arrependemos, nem que estamos devastados. Devemos dizer “desculpa”.
Em segundo lugar, devemos indicar o motivo pelo qual estamos a pedir desculpa, devemos ser objetivos. Além disso, devemos mostrar que compreendemos a gravidade da situação e os consequentes danos.
Outro dos passos passa por “não arranjar desculpas” para não pedir desculpa. Em quinto lugar, devemos dizer que não volta a acontecer e certificarmo-nos de que, de facto, não o faremos novamente.
Por último, se for relevante, devemos assumir responsabilidades sobre a situação e tentar compo-la.
“Estes seis passos são relevantes para adultos, para crianças, para corporações, para instituições, para governos. O sexto passo e meio passa por ouvir. As pessoas querem ser ouvidas e não que saltem para cima delas. Deixe a pessoa que magoou ter a sua opinião”, indicou Marjorie Ingall.
Dizer a “desculpa” pode parecer óbvio, mas nem sempre o é, disse a autora. As pessoas costumam dizer que estão arrependidas. “Arrependimento é o que sinto. Já o ato de pedir desculpa tem a ver com o que a outra pessoa sente. Quando pedimos desculpa, temos de manter os sentimentos da outra pessoa na frente”, frisou.
As autoras revelaram ainda que há frases que não devem ser usadas num pedido de desculpa, incluindo aqueles em que são usadas palavras como “óbvio” (“se fosse óbvio, não teria de o dizer”) e “já” (“já pedi desculpa”). Também as frases que incluem as expressões “desculpa se”, “desculpa, mas” e “não tinha a intenção de o fazer” devem ser evitadas.
“A intenção é muito menos importante do que o impacto quando se trata de pedir desculpa”, indicou Marjorie Ingall.
Já Susan MacCaethy referiu que um mau pedido de desculpas pode piorar as situações. Por outro lado, um grande – mesmo que tardio – pedido de desculpas pode ter um tremendo poder curativo.
A autora contou: “recebi uma carta de um antigo namorado anos após a separação. Ele escreveu apenas: “Queria que soubesses que vou casar. E tenho a consciência de que, muitas vezes, não fui um bom namorado. Quero que saibas que estava a ouvir, mesmo quando parecia que não. Vou ser um marido melhor por causa da nossa relação””.
Susan MacCaethy disse que a carta não indicava a morada do remetente, o que tornou o gesto ainda mais significativo, uma vez que não havia a expetativa de uma resposta.
“Ainda tinha alguns sentimentos maus acerca dessa relação” e ao receber a carta “senti-me tão curada”, afirmou, acrescentando: “senti que foi bom para as minhas relações avançarem também”. “Um bom pedido de desculpas é algo muito potente”, disse ainda a autora.