Há denúncias de que houve um “roubo recente da totalidade das telas” da antiga sala de baile do Palácio Burnay, situado na Rua da Junqueira, em Lisboa. O edifício que pertence ao Estado está abandonado há alguns anos e foi também vandalizado.
A denúncia surge por via do Movimento Fórum Cidadania LX no seu blogue, onde se divulgam fotografias que ilustram o estado de abandono e de vandalismo do Palácio.
Classificado como Imóvel de Interesse Público, o edifício foi adquirido pelo Estado em 1940 depois de ter estado nas mãos de vários privados. Também conhecido como Palácio dos Patriarcas, o imóvel acolheu o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP) até 2001.
Mas depois de ter sido sede do Instituto de Investigação Científica Tropical ficou ao abandono durante vários anos.
Agora, constata-se o “roubo recente da totalidade das telas existentes na antiga sala de baile”, como denuncia o Fórum Cidadania LX.
Este movimento revela que já enviou um protesto pela situação ao Director-Geral do Tesouro e Finanças, Miguel Marques dos Santos. Além disso, já fez uma participação na Brigada de Obras de Arte da Polícia Judiciária.
No blogue do movimento, divulgam-se várias fotos que comprovam o estado de abandono e o vandalismo do Palácio, bem como as paredes vazias, de onde terão sido retiradas as telas.
Uma fonte oficial da Direcção-Geral do Património Cultural confirma ao Observador que já recebeu esta carta de protesto, mas não refere mais nada sobre a situação do Palácio Burnay.
“Intencionalidade em prol da degradação irrecuperável”
Nessa carta, o Movimento Fórum Cidadania LX lembra que já tinha alertado para “a existência de janelas abertas ao nível da rua“, realçando que isso significava a “elevada probabilidade de se verificaram roubos e ainda maiores actos de vandalismo do que aqueles por que o Palácio tem passado”.
“Fomos agora alertados para o roubo recente da totalidade das telas existentes na antiga sala de baile do Palácio Burnay, e que ainda existiam aquando da visita de V. Exa. ao Palácio em Abril de 2020, aquando da elaboração de relatórios técnicos pela DGPC”, aponta ainda o movimento.
O escritor Afonso Reis Cabral publicou, no passado dia 27 de Junho, um relato da sua “visita clandestina” ao Palácio, notando que entrou por “uma janela aberta”.
Na missiva do Fórum Cidadania Lx, também se lembra que o Forte de Santo António da Barra, em São João do Estoril, viveu “idêntico figurino”, levando o Tribunal Administrativo a transmitir a tutela do imóvel do Estado para a Câmara Municipal de Cascais “depois de alguns anos de incúria, saque e vandalismo”.
Assim, o movimento entende que o comportamento do Estado configura “intencionalidade em prol da degradação irrecuperável dos imóveis classificados à sua guarda”.
Na carta, também se aponta “a informação de que o Conselho Económico e Social estaria a negociar a sua instalação no Palácio Burnay”, um dado que é visto como uma alternativa para “o estancar na degradação e abandono a que o Estado votou este imóvel histórico”.
A missiva é assinada, entre outros nomes, pelo fundador do Fórum Cidadania LX, Paulo Ferrero, pelo crítico de cinema e jornalista Eurico de Barros, pelo gestor cultural Carlos Moura-Carvalho, antigo Director-geral das Artes, pela música sueco-americana Helena Espvall, pelo escritor e investigador Luís Mascarenhas Gaivão, e pelo presidente da direcção da Associação dos Arqueólogos Portugueses, José Morais Arnaud.
Entretanto, as deputadas do CDS Ana Rita Bessa e Cecília Meireles já questionaram o ministro das Finanças sobre o caso, nomeadamente pedindo a confirmação se de facto houve um “roubo da totalidade das telas” da antiga sala de baile do Palácio.
Além disso, as deputadas querem saber se o ministro “já tinha conhecimento desta situação e, se sim, desde quando”, bem como “que medidas foram tomadas depois do primeiro alerta por parte do Fórum Cidadania LX de que existiam janelas abertas ao nível da rua”.
Além disso, as deputadas do CDS questionam que planos tem o Governo para o edifício.
Não, não senhoras deputadas, então é só isso, que planos tem para o edifício? então o edifício não tem rodas se tivesse andavam com ele! eu quero saber qual a indemnização que os responsáveis pelo património, vão pagar ao povo Português? por este edifício e por todos os bens do estado que estão ao abandono, estes responsáveis e todos os que lá tem passado, mas será que com tantas forças armadas em Portugal, os governantes não sabem pedir ajuda para proteger o património nacional? ó governantes tenham vergonha.