Cientistas britânicos descobriram que a energia nuclear é um meio menos eficaz do que as energias renováveis para abandonar os combustíveis fósseis e reduzir as emissões de carbono de forma “mais substancial, rápida e económica”.
De acordo com o estudo publicado esta semana na revista científica Nature Energy, os países que usam energia nuclear não reduziram as suas emissões de carbono de forma significativa. Já os países que investiram em energias renováveis, como a solar e eólica, estão mais próximos da descarbonização.
“A evidência aponta claramente para a energia nuclear como a menos eficaz” para reduzir as emissões de carbono, disse Benjamin Sovacool, coautor do estudo, num comunicado.
Os investigadores compararam dados do Banco Mundial e da Agência Internacional de Energia relativos aos anos de 1990 e 2014 e descobriram que os programas de energia nuclear “tendem a não reduzir as emissões de carbono e, portanto, não devem ser considerados uma fonte eficaz de baixo carbono”, disseram.
“Este artigo expõe a irracionalidade de apoiar o investimento nuclear com base no argumento de que ‘faz tudo’”, disse Andy Stirling, outro coautor do estudo, referindo-se à redução das emissões de carbono.
“As nossas descobertas mostram que os investimentos nucleares em todo o mundo tendem a ser menos eficazes do que os investimentos renováveis na mitigação das emissões de carbono”, explicou.
“Os países que planeiam grandes investimentos em energia nuclear arriscam-se a acabar com a hipótese de investir em energias renováveis alternativas, que trariam melhores benefícios climáticos”, acrescentou Benjamin Sovacool, outro coautor do estudo.
Os investigadores da Universidade de Sussex, no Reino Unido, descobriram que os países que usam energia nuclear em maior escala não tendem a apresentar emissões de carbono significativamente mais baixas – e nos países mais pobres os programas nucleares tendem a associar-se a emissões relativamente mais altas.
O estudo constatou que, em países com alto PIB per capita, a produção de eletricidade nuclear está associada a uma pequena queda nas emissões de carbono. Mas, em termos comparativos, essa queda é menor do que a associada à energia renovável.
Patrick Schmid, da Escola Internacional de Gestão de Munique e coautor do artigo, disse: “Embora seja importante reconhecer a natureza correlativa de nossa análise de dados, é surpreendente como os resultados são claros e consistentes em diferentes períodos de tempo e conjuntos de países. Nalguns países, a relação entre eletricidade renovável e as emissões de carbono é até sete vezes mais forte do que a relação correspondente para a energia nuclear.”