Surpresa na medicina: Antiviral foi capaz de atenuar a perda de audição

ZAP // NightCafe Studio; Pixabay

O antiviral Tamiflu mostrou potencial para atenuar a perda de audição induzida por ruído. A descoberta abre portas a uma revolucionária terapia para um dos tipos mais comuns de surdez.

Estamos habituados a ouvir o personagens conhecidas dizer “ouça tudo com o aparelho X”. Agora, podemos passar também a ouvi-lo “ouço tudo com um antiviral que nunca se pensou que pudesse atenuar a perda de audição induzida por ruído”.

A perda auditiva relacionada com o ruído é uma condição que afeta cerca de 5% da população mundial.

A prevenção centra-se, fundamentalmente, em evitar exposições sonoras elevadas. Já os tratamentos estão limitados aos implantes e aparelhos auditivos.

Até agora, o único medicamento aprovado para prevenir a perda auditiva era o tiossulfato de sódio – como explica a New Scientist, um remédio que só está disponível para crianças que estejam a fazer uma forma de quimioterapia chamada cisplatina, que pode levar à surdez ao induzir a morte celular.

Desde sempre que se faz sentir a necessidade de mais opções de tratamento. E a ciência investe nisso.

Num estudo pré-publicado recentemente no bioRxiv, um grupo de investigadores da Universidade de Creighton (EUA) descobriu que o fosfato de oseltamivir – vulgarmente conhecido como Tamiflu – também é capaz de proteger os ouvidos contra os danos da cisplatina.

À procura de mais opções, a equipa de investigação percorreu uma biblioteca de 1300 medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) para a proteção contra os danos causados pela cisplatina… e chegaram ao Tamiflu, o antiviral desenvolvido especificamente para a Gripe A.

Como detalha a New Scientist, os investigadores expuseram ratos a 100 decibéis de ruído durante duas horas.

Depois, os animais foram divididos em quatro grupos, três dos quais receberam doses variáveis de fosfato de oseltamivir nas 24 horas seguintes à exposição ao ruído. O quarto grupo serviu de controlo.

Conclusão: os que receberam doses maiores de Tamiflu nas 24 horas seguintes mostraram uma menor perda de resposta auditiva, em comparação com os que receberam doses mais baixas.

Experiências posteriores indicaram que este medicamento também é capaz de proteger contra a sinaptopatia coclear – uma perda de conexões neurais essenciais para a audição.

Além disso, o Tamiflu reduz os níveis de células imunitárias CD45 – marcadores inflamatórios que aumentam após a exposição ao ruído – e ainda da proteína ERK1/2 – associada à inflamação na cisplatina e à perda auditiva induzida pelo ruído.

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