Os vistos gold acabaram, mas o capital estrangeiro não. Crise da habitação continua por resolver

Apesar do fim dos vistos gold, em outubro do ano passado, o investimento imobiliário estrangeiro em Portugal bateu novos recordes no último trimestre.

O fim dos vistos gold — atribuídos desde 2012 até ao ano passado a cidadãos fora da União Europeia (UE) — não fez, ao que parece, Portugal perder a atratividade de investimento estrangeiro

Os vistos permitiam que cidadãos fora da UE tivesse, autorização de residência em Portugal, desde que fizesse um investimento imobiliário de pelo menos 500 mil euros.

Numa primeira fase, os vistos faziam parte de um esforço para reparar as finanças públicas após o resgate da Troika, em 2011; mas, agora, com o despoletar da guerra na Ucrânia, começaram a ser retirados, para evitar a entrada de investimento russo.

Além disso, o anterior Governo justificou o fim da medida, com a implementação do programa “Mais Habitação” – como o objetivo combater a crise no setor, bem como a inflação do imobiliário -, mas não parece ter surtido efeito.

Pressão imobiliária continua

Mas mesmo com o fim dos vistos gold – efetivado em outubro – 2023 registou um novo recorde de investimento estrangeiro em imobiliário nacional.

De acordo com o Jornal de Notícias, citando números do Banco de Portugal, esse valor rondou os quatro mil milhões de euros.

O matutino refere que desde que acabaram as autorizações de residência para fins imobiliários, o capital externo investiu 853 milhões de euros em imóveis.

Dentro dos cidadãos europeus, os britânicos foram os que mais investiram: foram 119,5 milhões de euros no último trimestre, após o fim dos vistos gold.

Cita pelo JN, Christina Hippisley, da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido, explica que a maioria dos britânicos se muda para Portugal “principalmente pela qualidade de vida do país e não por razões fiscais“.

Francisco Bacelar, da Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal corrobora essa tese, referindo que os investidores querem é mar e sol: “Não é só aqui. Pelo que tenho visto também há esse movimento em Espanha, Itália e Grécia. É onde há sol e mar (…) [Portugal] É um país seguro, com preços baixos em relação à carteira deles e com muito sol”.

Miguel Esteves, ZAP //

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