Os seus próximos óculos serão provavelmente feitos de grãos

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Marchon Eyewear

A maior parte das armações dos óculos são de plástico, e apesar de o material ser teoricamente reciclável, milhões de pares de óculos acabam todos os anos em aterros ou lixeiras. Uma empresa do setor quer mudar esse paradigma.

A norte-americana Marchon Eyewear, líder global no design e fabrico de óculos, está a liderar uma mudança em toda a indústria do setor, afastando-se das tradicionais armações de plástico em direção a materiais mais sustentáveis — incluindo derivados de grãos de rícino.

Tradicionalmente, a maioria dos óculos, independentemente da sua gama de preços, é feita de plástico. Estas armações baseadas em combustíveis fósseis acabam frequentemente por ir parar a aterros sanitários, contribuindo para a degradação ambiental.

A Marchon, que produz por ano 22 milhões de armações para marcas como a Lacoste, Nike e Calvin Klein, está agora a usar materiais reciclados e biológicos nos seus processos de fabrico.

“Desenvolvemos mais de uma dúzia de materiais sustentáveis, tanto reciclados como biológicos, que são livres de combustíveis fósseis”, explica à Fast Company o presidente da Marchon, Thomas Burkhardt. “Muitos dos principais produtores de óculos estão também agora a adotar esta tendência”.

Um dos materiais mais notáveis desenvolvidos pela Marchon é um derivado do óleo de grãos de rícino (Ricinus communis), famosas sementes de uma árvore de crescimento rápido predominantemente cultivada na Índia que dão também origem ao óleo homónimo.

As armações feitas com este material têm não só um aspeto, mas também um toque idêntico às feitas de plásticos tradicionais.

Após testes alargados, incluindo a exposição à água salgada, que provaram a resistência do material, a Marchon decidiu expandir o uso de biomateriais à base de grãos de rícino na sua marca Dragon.

Esta mudança radical para o uso de materiais biológicos e reciclados, que envolve uma engenharia meticulosa e rigorosos testes de qualidade, está a ser conduzida há quase cinco anos. As armações de óculos têm que cumprir elevados padrões de qualidade, dado serem dispositivos normalmente usados por prescrição médica, que muitas vezes são usados até 18 horas por dia. Entre outros fatores, têm que ser hipoalergénicas e resistentes ao calor.

Em 2022, 25% das armações da Marchon eram feitas de materiais reciclados e biológicos. A empresa tem como objetivo aumentar esta proporção para 35% este ano, e definiu a meta de alcançar pelo menos 50% até 2025 — um marco que Burkhardt espera no entanto alcançar mais cedo.

Mas a empresa norte-americana é apenas a ponta de lança de uma indústria que parece estar apostada em reduzir a sua dependência dos plásticos — criando óculos mais sustentáveis, feitos com materiais biológicos que nunca imaginávamos vir um dia a ter na ponta do nariz.

ZAP //

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