Os primeiros humanos “reutilizavam” os mortos (para fazer canecas)

Há evidências de que os primeiros humanos usavam restos mortais de outros humanos para a construírem ferramentas. São conclusões de uma investigação recente, levada a cabo na Península Ibérica.

Uma nova pesquisa revelou práticas funerárias inusitadas, em restos esqueléticos encontrados na Cueva de los Mármoles, perto de Granada, no sul de Espanha.

De acordo com o estudo, publicado na semana passada, na revista PLOS ONE, os restos foram colocados na gruta entre os séculos V e II a.C..

A equipa descobriu que os ossos foram modificados e utilizados para vários fins, incluindo a criação de ferramentas e, surpreendentemente, canecas feitas de crânios humanos.

Estes ossos apresentam marcas de fragmentação intencional, limpeza de tecidos moles residuais e, em alguns casos, reutilização.

Este comportamento está em sintonia com práticas encontradas em outros contextos de grutas da Península Ibérica, indicando uma ideologia comum, focada no corpo humano, durante o período neolítico.

Cavernas funerárias

O estudo também constatou ainda que os humanos antigos enterravam os seus mortos em cavernas e voltavam, frequentemente, para interagir com os restos.

Os autores do estudo sugerem que, naquela época, a proximidade e a interação com os restos físicos dos falecidos eram encaradas com normalidade.

Quanto à estrutura espacial interna das cavernas funerárias, citados pelo IFLScience, os investigadores explicaram que “lembram as casas ‘socialmente ativas’ dos vivos, conferindo à comunidade dos mortos o papel social de ancestrais“.

Acima de tudo, o estudo oferece uma visão intrigante sobre as complexas práticas funerárias da Península Ibérica antiga e levanta algumas questões, sobre as crenças espirituais e sociais dessas comunidades, que, com mais investigações do género, poderão ser respondidas a curto-médio prazo.

ZAP //

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