Os leões-marinhos estão a mapear áreas inexploradas do oceano

Uma equipa de cientistas recorreu à ajuda de leões-marinhos australianos (Neophoca cinerea) para recolher informações sobre o fundo do mar e a distribuição dos diferentes habitats.

O equipamento, que incluía localizadores GPS, câmaras e sensores de movimento, foi concebido para ser pequeno e não incómodo, com um peso inferior a 1% do peso corporal dos leões-marinhos.

Um novo estudo, publicado esta quarta-feira no Frontiers in Marine Science, inclui mapas detalhados do fundo do oceano, criados com a combinação de vídeos captados pelos animais, e um modelo de machine learning.

“Trata-se de habitats profundos e remotos ao largo da costa, aos quais não é possível chegar através dos inquéritos efetuados a partir de um barco. Com os dados que estamos a recolher, conseguimos explorar partes do oceano ainda não cartografadas”, afirma o primeiro autor do estudo, Nathan Angelakis.

Segundo a Nature, os leões-marinhos recolheram 89 horas de gravação até uma profundidade de 115 metros, a partir das quais os cientistas identificaram seis habitats distintos.

Seguidamente, os investigadores utilizaram as imagens para avaliar a biodiversidade nestas áreas e comparar os locais visitados pelas duas colónias e os vídeos para verificar a precisão de um modelo de aprendizagem automática concebido para prever o habitat do fundo do mar a partir de variáveis como a temperatura da superfície do mar e a distância da costa.

Os habitats que estes animais filmaram eram diferentes de outras regiões previamente mapeadas do sul da Austrália. Este acontecimento pode dever-se a condições oceanográficas e ambientais parecidas, bem como ao facto de os leões-marinhos escolher determinados habitats para viajar.

No entanto, o estudo contribui para o conhecimento destes fundos marinhos e fornece informações sobre uma espécie ameaçada, cujas populações diminuíram mais de 60% nos últimos 40 anos.

A equipa espera agora utilizar os dados do sensor para explorar a forma como a profundidade e o fornecimento de nutrientes afetam a distribuição de habitats e a biodiversidade no fundo do mar.

Soraia Ferreira, ZAP //

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