Os humanos conseguiram dobrar raios pela primeira vez

Afinal, Zeus, o pai dos deuses não é assim tão poderoso. Pelos vistos, nós humanos também conseguimos controlar a direção dos raios e relâmpagos.

Cientistas usaram com sucesso, pela primeira vez, lasers como pára-raios virtuais, demonstrando que é possível controlar a direção de descargas elétricas atmosféricas, segundo estudo publicado na revista Nature Photonics.

A equipa já tinha provado antes que os lasers podem ionizar o ar em laboratórios, fazendo com que faíscas de dois milhões de volts sigam canais de baixa densidade.

Para reforçar a descoberta, os cientistas liderados pelo Dr. Aurélien Houard da ENSTA Paris instalaram uma máquina a laser do tamanho de um carro perto de uma torre na montanha Säntis, na Suíça, escolhida por ser um autêntico “imane” de raios — é atingida por cerca de 100 por ano, a maior frequência na Europa.

Durante uma tempestade de seis horas, a equipa conseguiu controlar a direção de quatro descargas elétricas. O caminho de um dos raios foi registado: seguiu os feixes de laser por pelo menos 50 metros.

Curiosamente, o raio guiado por laser seguiu um caminho ascendente a partir do topo da torre, contrariamente à crença popular de que o raio é dirigido sempre do céu para o solo.

Nature

Imagem da torre de telecomunicações de Säntis (Suíça), com 124 m de altura e o caminho do laser registado com seu segundo harmónico em 515 nm.

Foram duas décadas de tentativas, após dois falhanços, segundo o IFL Science. Agora, com lasers mais rápidos, repetidos milhares de vezes por segundo, a equipa obteve a potência necessária, na gama dos terawatts por um curto espaço de tempo — uma concentração maior do que toda a energia elétrica consumida na Europa.

As vantagens do controlo de raios passam obviamente pelo aumento da proteção em situações de trovoada, mas outros cientistas argumentam que recorrer a lasers — em substituição dos pára-raios de Franklin, que foram o padrão da proteção contra raios durante 270 anos — para o fazer é demasiado dispendioso.

Embora os pára-raios de Franklin se tenham provado eficientes e rentáveis ao longo do tempo, os investigadores argumentam que existem cenários que exigem soluções mais avançadas. Por exemplo, pessoas em movimento em campos abertos ou infraestruturas estacionárias vitais podem beneficiar desta nova tecnologia. Métodos tradicionais que recorram a foguetes com fio anexado para desencadear raios são de uso único e potencialmente mais caros a longo prazo em comparação à tecnologia laser.

ZAP //

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