Os extraterrestres podem encontrar-nos (escutando os nossos telemóveis)

Pesquisa de fevereiro aponta para a possibilidade de sermos descobertos, em breve, por civilizações alienígenas mais avançadas – tudo graças às ondas emitidas pelas torres de telecomunicações.

Todos os dias damos como garantidas as diversas operações efetuadas pelos nossos smartphones, sem saber que o seu funcionamento se deve em grande parte à presença de torres de transmissão de rádio espalhadas pela superfície terrestre que transmitem sinais – através de micro-ondas – a toda a hora.

Agora, investigadores acreditam que estes sinais podem ser detetados por civilizações alienígenas tecnologicamente avançadas.

Atualmente, segundo a Science Focus, as emissões de rádio das torres de telecomunicações não são suficientemente potentes para serem detetadas por eventuais civilizações alienígenas se estas tiverem a mesma tecnologia que nós.

No entanto, a pesquisa, publicada na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, concluiu que a civilização humana pode vir a ser descoberta por extraterrestres de estrelas das proximidades se estes tiverem tecnologia mais sofisticada e procurarem por radiação proveniente de outras fontes. Nesse cenário, as nossas transmissões encontrariam-se detetáveis a cerca de 12 anos-luz.

“Acredito que há fortes possibilidades de existirem civilizações avançadas, e algumas podem ser capazes de observar as emissões de rádio provenientes do planeta Terra e emitidas pelos humanos”, afirma, de acordo a Science Focus, o co-autor da pesquisa, Nalini Heeralall-Issur, da Universidade de Maurícia.

Mais detetáveis, pouco percetíveis

As transmissões de rádio na Terra, que antes se baseavam em transmissões de rádio comercial e estações televisivas, resumem-se atualmente a fortes sinais de rádio móvel, radares sistemas de transmissão digital e redes WI-FI.

À medida que os nossos sistemas de banda larga se tornam mais potentes, a nossa detetabilidade aumenta. Ao mesmo tempo, explicam os investigadores da Universidade de Manchester e da Universidade de Maurícia, estas civilizações alienígenas têm, provavelmente, sistemas de receção mais sensíveis que os nossos.

Os investigadores – que usaram informação das estações rádio-base para simular as transmissões de rádio que podem ser detetadas de estrelas próximas – reforçam que estes ‘sinais’ teriam como origem as partes mais populadas do hemisfério norte do nosso planeta, onde têm lugar a maioria das transmissões.

Assim, o encontro entre as duas civilizações depende, também, da localização dos eventuais alienígenas no céu, uma vez que um observador extraterrestre do hemisfério norte receberia um sinal significativamente mais forte do que aquele que estivesse no hemisfério sul.

Uma vez que as torres de transmissão se sobrepõem não são todas iguais, os recetores alienígenas não conseguiriam distinguir mensagens específicas. No entanto, podem descodificar a rotação da Terra, a sua inclinação e a oscilação da distribuição da nossa população, através da distribuição das torres no terreno.

Estrelas alinhadas para sermos encontrados

Contrariando a ideia de que as emissões de rádio terrestres têm, com o passar dos anos, diminuído, o principal autor do projeto, Mike Garrett, da Universidade de Manchester, sublinha que a proliferação de sistemas de telecomunicações é “intensa”.

“Apesar de cada sistema representar individualmente, emissões de rádio baixas, o espetro integrado de milhares de milhões destes aparelhos é substancial”, reforça Garrett, que acredita que a probabilidade de sermos detetados por estes aliens é alimentada pelo surgimento de nova tecnologia 5G e pelos planos de construção de novas constelações de satélites, como a Starlink, da SpaceX de Elon Musk.

“Estimativas atuais sugerem que teremos mais de 100 mil satélites em órbita baixa da Terra antes do fim da década”, sublinha o autor.

O próximo passo da pesquisa será simular a detetabilidade destes sinais. “Se a tendência de aumento de transmissões de rádio no espetro aumentar, poderemos tornar-nos detetáveis por qualquer civilização avançada com a tecnologia adequada.”

Tomás Guimarães, ZAP //

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