Os cristais mais antigos do mundo contêm vestígios de sedimentos ainda mais antigos

(dr) Ross Mitchell

Um zircão Jack Hills com cerca de 200 micrometros de diâmetro.

Os cristais mais antigos do mundo, descobertos em Jack Hills, na Austrália, contêm restos de rochas ainda mais antigas – algumas das quais reprocessadas através de magma nos cristais sobreviventes.

Foi com a ajuda de machine learning que os geólogos descobriram que um terço destas rochas primitivas eram sedimentares. Este facto significa que, há mais de quatro mil milhões de anos, a Terra tinha uma extensa crosta exposta aos elementos acima do nível do mar.

No fundo, conforme explica o IFL Science, os átomos da Terra são, na sua grande maioria, os mesmos que aqui estavam há mais de quatro mil milhões de anos, ainda que nenhum elemento sólido tenha sobrevivido. Foi tudo reprocessado.

Os zircões de Jack Hills são as relíquias sobreviventes mais antigas da Terra. Formaram-se há 4,4 mil milhões de anos e, subsequentemente, incorporados em rochas sedimentares que, desde então, cederam à erosão, deixando apenas os zircões para trás.

Estes zircões cristalizaram-se a partir do magma, mas não do original. Este magma foi feito de rochas mais antigas atraídas para a Terra para derreter, sendo que a maioria das informações sobre estas rochas foi perdida no reprocessamento do magma.

Neste estudo, os geólogos esperavam descobrir se alguma destas rochas era sedimentar ou se eram todas ígneas.

As rochas ígneas podem formar-se a partir do arrefecimento do magma ou da lava que sabemos que existiam na Terra primitiva, mas as rochas sedimentares requerem um ciclo de água. A chuva erode-as e o material é levado para lagos ou oceanos para se depositar e ser convertido em novas formas de rocha.

Ao treinar computadores para reconhecer as impressões digitais de material sedimentar no interior dos zircões, os investigadores conseguiram determinar que uma amostra de zircões muito antigos contém muito granito tipo S, um granito formado a partir de sedimentos que foram subduzidos em magma.

A porção de granito do tipo S aumenta com o tempo, como seria de esperar. Contudo, se o método que a equipa usou para identificar granito do tipo S estiver certo, os zircões formados há 4,24 mil milhões de anos foram feitos de 35% de granito do tipo S. No fundo, em vez de aumentar para sempre, a proporção do tipo S aumenta e diminui de acordo com os ciclos de formação e colapso de supercontinentes.

O artigo científico com as descobertas foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

ZAP //

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