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‘Os coveiros’: nos lares franceses, as contas são mais importantes do que os idosos

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Três anos de investigação originaram um livro. Victor Castanet denuncia falhas graves nos lares franceses para pessoas de terceira idade.

Victor Castanet esteve a investigar três anos, entrevistou 250 pessoas e conseguiu informações confidenciais. A conclusão chama-se Les Fossoyeurs, ou Os coveiros, que denuncia esquemas no Orpea, um dos maiores grupos económicos ligados a lares de terceira idade.

A Orpea é a empresa responsável pela gestão de mais de 1.100 estabelecimentos no sector. Mais de 200 são em França, com foco também na Alemanha, nos Países Baixos e na Bélgica. Em Portugal controla nove residências, um hospital e uma clínica.

É um “mergulho perturbador nos segredos” do grupo, lê-se na sinopse do livro editado pela Fayard: “Recheada de revelações espectaculares, esta história de tirar o fôlego e comovente traz à tona múltiplos abusos“.

O livro, publicado nesta quarta-feira, revela que a prioridade na Orpea são as contas, não as pessoas idosas: “É uma abordagem exclusivamente contabilista, no cuidado de seres humanos vulneráveis”, indica Castanet.

Muitas pessoas que moram nas residências estão desamparadas. E surgem exemplos: alguns idosos sofrem maus tratos; a comida é limitada; há um limite de fraldas para cada pessoa, independentemente de suas necessidades; e os funcionários também são afectados porque há um número elevado de acidentes de trabalho.

O jornalista, que se centrou nos lares em França, deixou também o alerta: as autoridades francesas não conseguem contrariar estas rotinas porque o poder da empresa é muito grande.

No entanto, e depois de se multilpicarem as notícias sobre este livro, o ministro da Saúde francês anunciou publicamente que já foi enviado um questionário à Orpea. Pode seguir-se uma investigação, se o ministério considerar que se justifica.

A Orpea já reagiu. Duas empresas externas, independentes, vão realizar avaliações aos métodos do grupo. E o comunicado acrescenta que “em nenhum momento a administração do Grupo montou qualquer sistema para orquestrar as práticas de que é acusado”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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