Os 10 mandamentos de Rui Rocha a Montenegro para um “Portugal com futuro”

ZAP // Nuno Veiga, António Cotrim / Lusa

No frente-a-frente deste domingo, Luís Montenegro e Rui Rocha só admitiram divergência total num ponto. De resto, o liberal apresentou 10 desafios ao líder da Aliança Democrática (AD) para um “Portugal com futuro” (em conjunto).

“A solução para o país está nesta mesa” – Foi a ideia que marcou o debate, transmitido este domingo na SIC, entre o líder da Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, e o da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha.

“Qualquer voto que não esteja representado nesta mesa é um voto que atrasa e pode bloquear a solução”, considerou Rui Rocha, ressalvando, no entanto, que o voto útil na AD não é suficiente: “Há um voto que traz mesmo mudança, porque não temos mais tempo. E esse voto que muda mesmo o país é na IL”.

Por seu turno, Montenegro insistiu no apelo ao voto na AD (coligação composta por PSD, CDS-PP e PPM), acusando a IL de não ter entrado nesta coligação por opção própria: “A escolha entre duas opções: PS e Pedro Nuno Santos e a AD e eu próprio liderar um governo”, considerou o social-democrata.

De entre os temas em debate, só houve dissidência total quanto à Caixa Geral de Depósitos (CGD): de um lado, Montenegro vê necessidade em mantê-la sob domínio público; do outro, Rui Rocha insistiu na ideia de privatizá-la.

Além disso, há uma “diferença conceptual”, entre o PSD e a IL, notou Montenegro: surge quando se fala em “Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Para o líder do PSD, o SNS é a base do sistema de saúde e a garantia de que as necessidades dos portugueses são asseguradas – como prevê a Constituição.

Contudo, Montenegro aproxima-se dos liberais, quando admite a intromissão dos serviços privados no sistema – nomeadamente, em regime de Parceria Público-Privada (PPP), como aconteceu já no passado.

“Para o PSD é possível recorrer aos privados quando o SNS falha. Para nós essa escolha deve existir sempre”, contrapôs Rui Rocha. “É colocar todas as pessoas na posição que os funcionários públicos têm com a ADSE”, fundamentou.

O “Decálogo” Liberal

Quase a meio do debate, Rui Rocha entregou a Luís Montenegro uma lista de 10 desafios “para um Portugal com futuro” – a serem cumpridos (eventualmente) numa governação conjunta.

Convidado pela moderadora do debate – a jornalista da SIC Clara de Sousa – a destacar um desses pontos, o liberal foi pronto a escolher a “baixa de impostos”, realçando que a proposta do PSD é menos ambiciosa do que a da IL.

Montenegro negou, no entanto, o cunho de “pouco ambicioso”, acusando Rui Rocha de trazer para o debate uma visão “muito redutora daquilo que é a proposta fiscal do PSD”.

De resto, os desafios da IL focam-se na saúde, na privatização da TAP (que tem o aval de Luís Montenegro), na educação, na habitação, nas pensões, nos salários, na ferrovia, no sistema eleitoral e, por fim, no problema da falta de água em Portugal.

De entre essas propostas para um “Portugal com futuro”, há uma ausência caricata: a privatização da CGD… Rui Rocha já sabe que, quanto a isso, se for Montenegro a “mandar”, os liberais não terão hipótese.

No final do frente-a-frente, a IL publicou, nas redes sociais do partido, a lista que havia entregado a Luís Montenegro, para o ajudar a “transformar Portugal”.

Em resposta, a AD agradeceu a confiança depositada em Luís Montenegro: “Obrigado, Rui, pela confiança de que Luís Montenegro será o próximo Primeiro-ministro. Hoje somos muitos, amanhã seremos milhões”, pode ler-se.

Miguel Esteves, ZAP //

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