Centenas de órgãos formam-se nas crias de polvo (mas desaparecem, sem deixar rasto)

Montserrat Coll Lladó, Jim Swoger / EMBL

Imagens microscópicas dos misteriosos órgãos de Kölliker, que crescem ao longo do braço de um jovem polvo

Imagens microscópicas dos misteriosos órgãos de Kölliker, que crescem ao longo do braço de um jovem polvo

Os nossos órgãos internos crescem e mudam ao longo da vida, mas raramente desaparecem sem deixar rasto. O mesmo não podem dizer os polvos bebés.

A superfície da pele das crias de polvo é coberta pelos órgãos de Kölliker, que desaparecem antes de os animais atingirem a fase adulta e cuja função ainda é desconhecida.

Recentemente, uma equipa de cientistas analisou imagens de crias de 17 espécies de polvo que revelaram que os órgãos são distribuídos de forma uniforme na pele e têm, aproximadamente, o mesmo tamanho, independentemente da espécie.

Segundo o Live Science, os investigadores utilizaram uma técnica conhecida como microscopia de folha de luz, que nada mais é do que uma forma de mergulhar uma amostra em fluido para a tornar transparente. Depois, basta apontar luz para realçar as estruturas mais difíceis de observar.

“A microscopia de folha de luz ajudou na obtenção de uma imagem global da distribuição dos órgãos de Kölliker no epitélio”, explicou Montserrat Coll, especialista em imagem mesoscópica do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL), em Espanha.

Um dos objetivos destes órgãos pode estar relacionado com economizar energia. “Achamos que os órgãos podem ser usados pelos polvos jovens para aumentar a sua relação superfície-volume“, disse Roger Villanueva, do Instituto de Ciências do Mar (ICM-CSIC), também em Espanha.

Com a expansão dos órgãos de Kölliker, as crias chegam a crescer até dois terços em tamanho, o que poderia facilitar a ação de forças relacionadas com a movimentação dos animais, como o arrasto e a propulsão.

Outra hipótese é funcionar como um mecanismo de proteção. “A distribuição destes órgãos na superfície dos braços, da cabeça e do manto do polvo e a sua capacidade de refratar a luz em duas direções sugerem que também podem ter um papel na camuflagem“, explicou Villanueva.

De qualquer das formas, serão necessárias mais observações para confirmar qualquer uma das teorias sobre os órgãos que desaparecem misteriosamente à medida que os polvos crescem.

O artigo científico foi publicado na Frontiers in Marine Science.

ZAP //

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