Cientistas estão a usar ondas sonoras para “hackear” o cérebro

ZAP // Dall-E-2

A rede de neurónios do cérebro humano é a chave para compreender os nossos pensamentos, ações e bem-estar geral.

Há muito que os cientistas exploram vários métodos para influenciar o funcionamento do cérebro, desde medicamentos a estímulos elétricos.

Agora, uma equipa de investigadores da Coreia do Sul desenvolveu uma técnica puioneira que usa ondas sonoras para penetrar o cérebro.

Tradicionalmente, a alteração da função cerebral tem sido tentada através de medicamentos que afetam a química do cérebro ou a estimulação elétrica utilizando implantes invasivos ou técnicas não invasivas como elétrodos ou impulsos magnéticos.

Embora estes métodos tenham demonstrado eficácia em certos casos, apresentam limitações, incluindo a invasividade, a imprecisão do alvo e efeitos de curta duração.

A estimulação por ultra-sons surge como uma alternativa promissora, oferecendo uma penetração profunda no cérebro com um controlo preciso e uma invasão mínima.

Os cientistas sul-coreanos desenvolveram uma nova técnica de estimulação cerebral por ultra-sons denominada “ultra-sons de baixa frequência de baixa intensidade padronizados (LILFUS)”, noticia o Freethink.

O estudo, publicado em fevereiro na revista Science Advances, demonstra como a estimulação por ultra-sons, imitando as ondas cerebrais associadas aos processos de aprendizagem e memória, pode modular a neuroplasticidade – a capacidade do cérebro para formar novas ligações.

Ao aplicar uma estimulação intermitente no cérebro de ratos, os investigadores observaram um aumento do potencial de ligações fortes entre neurónios em áreas específicas, melhorando a capacidade dos ratos para aprenderem tarefas específicas.

O autor principal, Park Joo Min, explica que os efeitos diferenciais da estimulação intermitente e contínua estão associados à dinâmica do cálcio no cérebro, influenciando os sinais excitatórios e a atividade neural.

A estimulação intermitente, que induz uma resposta do cálcio, aumenta a neuroplasticidade, enquanto a estimulação contínua exerce um efeito inibitório sobre a função cerebral.

É importante notar que os efeitos da estimulação por ultra-sons parecem durar mais tempo do que em estudos anteriores.

A estimulação intermitente é promissora para aumentar a neuroplasticidade durante a reabilitação de acidentes vasculares cerebrais ou para melhorar a cognição em doenças como a doença de Alzheimer.

Por outro lado, a estimulação contínua poderia tratar a neuroplasticidade desadaptativa subjacente a perturbações psiquiátricas ou à dor crónica.

Além disso, a perspetiva de utilizar a estimulação por ultra-sons para melhorar a aprendizagem é uma possibilidade. Imagine um futuro em que uma breve sessão de estimulação por ultra-sons não invasiva antes de uma aula poderia acelerar a aprendizagem.

“Estamos entusiasmados com o potencial desta tecnologia inovadora para revolucionar o tratamento de doenças cerebrais e melhorar a função cognitiva, mesmo em indivíduos saudáveis”, afirma Park.

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