Um grupo de cientistas conseguiu recriar em laboratório uma misteriosa onda gigante – a onda Draupner – contribuindo para uma melhor compreensão deste fenómeno capaz de afundar navios sem qualquer explicação aparente.
Para formar uma onda deste calibre, é preciso uma tempestade perfeita. A onda Draupner, que ocorreu no dia 1 de janeiro de 1995, na costa da Noruega, atingiu uns incríveis 25 metros de altura e apareceu repentinamente, sem qualquer aviso prévio.
Para perceber como é que estas ondas surgem sem avisar, uma equipa internacional de cientistas da Inglaterra, Escócia e Austrália reproduziu uma crista em escala da onda Draupner num tanque de laboratório.
Através desta experiência, os cientistas foram capazes de desmistificar a receita desta onda: para se formar, precisa que dois grupos de ondas menores se cruzem num ângulo de 120º.
Esta descoberta muda a visão dos cientistas sobre as freak waves, que passam assim “de um mero folclore para um fenómeno real credível”, afirmou Mark McAllister, investigador da Universidade de Oxford. “Ao recriar a onda Draupner em laboratório, aproximamo-nos um pouco mais da compreensão dos mecanismos potenciais desse fenómeno.”
Normalmente, existe um limite máximo em relação à altura de uma onda face à ondulação circundante. No entanto, perante um conjunto de circunstâncias específicas, podem ser geradas as chamadas “freak waves“, ondas gigantes que podem ter mais do dobro da altura das ondas normais.
Estas ondas foram consideradas durante muito tempo um mito, mas os dados e as várias pesquisas foram demonstrado que este é um fenómeno bem real.
Assim, quando as ondas do oceano quebram sob circunstâncias típicas, a velocidade do fluido (a velocidade e a direção da água) no topo da onda – a crista -, excede a velocidade da crista em si, disse McAllister à Live Science. Isso faz com que a água na crista ultrapasse a onda e depois caia à medida que a onda se rompe.
Todavia, quando as ondas se cruzam no tal ângulo, o comportamento de quebra da onda muda. À medida que as ondas se cruzam, a velocidade horizontal do fluido sob a crista da onda é cancelada. Desta forma, a onda resultante pode ficar mais alta sem colidir.
“Assim, a quebra não ocorre e a rutura ascendente do jato, como mostramos no nosso vídeo. E, aparentemente, este segundo tipo de quebra não limita a altura da onda da mesma forma”, explicou McAllister.
Na prática quando as ondas se cruzam em grandes ângulos, podem criar ondas monstruosas como a onda de Draupner.
Ainda assim, os cientistas ressalvam que não é necessariamente preciso que estas ondas se encontrem num ângulo de 120º. “No caso da onda Draupner, o ângulo foi de 120º. Mas em termos mais gerais, qualquer quantidade de travessia nos oceanos suportará ondas mais íngremes.”
A equipa espera que a sua investigação, cujos resultados foram recentemente publicados no Journal of Fluid Mechanics, crie a base para estudos futuros que possam ajudar os cientistas a prever estas ondas potencialmente catastróficas.
Sim, na banheira já criei ondas assim.
Ora, desde McNamara e Hugo Vau, toda a gente sabe que na Nazaré (Portugal) há ondas de altura superior a 24 metros.
As ondas da nazaré são devido ao “canhão”.
O relevo do fundo do oceano faz com que a ondas cresçam mais. É como uma rampa no fundo do mar, que empurra a água para cima.
É uma situação que resulta da tipografia do terreno marinho e não de condições especiais de ângulos de ondas, logo só existe em sítios com estas caracteristicas.
Quanto a estas ondas de Draupner podem ser “produzidas” em qualquer parte do oceano.
Tens razão Filipe, os navios sabem onde fica o canhão da Nazaré ou outros sítios perigosos e não passam por ai, mas as ondas de Draupner podem acontecer em qualquer parte e por isso são mais perigosas devido à sua imprevisibilidade.