“Yes, she can!”. Os Obama arrasaram no adeus a Biden (mas deixaram um aviso)

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CAROLINE BREHMAN/EPA

Ex-presidente dos EUA Barack Obama discursa na primeira noite da Convenção Democrata, em Chicago.

“Sim, ela pode!”. Barack e Michelle foram as estrelas da Convenção Nacional Democrata, no apoio a uma Kamala “mais do que pronta”. Biden, no seu funeral político, nem parecia o mesmo.

O ex-presidente Barack Obama e a ex-primeira-dama Michelle Obama reforçaram na noite desta terça-feira o seu apoio à candidata democrata Kamala Harris, na Convenção Nacional Democrata, numa noite marcada pela despedida de Joe Biden e fortes críticas dirigidas a Donald Trump.

No discurso mais esperado do segundo dia da convenção, o ex-presidente dos EUA ressuscitou o seu famoso slogan e “ofereceu-o” a Kamala Harris, que “sim, pode defender os direitos e negociar melhores salários e condições de trabalho para os milhões de pessoas que se levantam todos os dias e fazem trabalho essencial”.

Depois de Biden ter feito “uma das coisas mais raras em política”, “a esperança está de volta” — mas nada está ganho.

Barack: “Sim, ela pode!”

O ex-presidente norte-americano pediu aos eleitores para se organizarem e votarem em Kamala Harris em novembro, adaptando o seu ‘slogan’ de campanha para “sim, ela pode” durante a convenção democrata em Chicago.

“Kamala Harris não vai estar focada nos seus problemas, vai estar focada nos vossos”, afirmou esta terça-feira o ex-presidente.

“Precisamos de um presidente que realmente queira saber dos milhões de pessoas que se levantam todos os dias e fazem trabalho essencial”, disse Barack Obama. “Que defenda os seus direitos a negociar melhores salários e condições de trabalho. Sim, ela pode”, acrescentou.

“A Kamala não nasceu no privilégio, teve de trabalhar pelo que alcançou”, disse Obama, lembrando que a candidata defendeu crianças vítimas de abusos sexuais, lutou contra políticas bancárias abusadoras e trabalhou em nome de proprietários que perderam tudo na crise do ‘sub-prime’ de 2008.

“Ela vai trabalhar em prol de todos os americanos”, garantiu Barack Obama, que arrancou grandes ovações dos participantes na convenção.

Biden fez “uma das coisas mais raras em política”

Num discurso de cerca de meia hora, o ex-líder democrata também homenageou Joe Biden, que foi seu vice-presidente durante oito anos antes de ser eleito chefe de Estado em 2020.

“A História vai lembrar Joe Biden como um presidente excecional que defendeu a democracia do perigo iminente”, afirmou Obama, destacando o altruísmo da desistência, “uma das coisas mais raras em política”.

Trump “não parou de se queixar”

O ex-presidente também criticou Donald Trump, afirmando que é “um milionário de 78 anos que não parou de se queixar dos seus problemas desde que desceu as escadas rolantes há nove anos”. Obama referia-se à imagem que ficou associada ao momento em que Trump anunciou que se ia candidatar à presidência, depois de descer as escadas rolantes da Trump Tower em Nova Iorque, em 2015.

O ex-líder democrata lamentou ainda as “alcunhas infantis” que Trump dá aos oponentes, as teorias da conspiração que defende e “a estranha obsessão com o tamanho das multidões”.

Caracterizou o candidato republicano como alguém que só está interessado em cortar os impostos para si e para os amigos milionários e não quer saber se as mulheres perderam direitos sobre o seu sistema reprodutivo, porque tal não o afeta.

“Donald Trump vê o poder como nada mais que um meio para chegar aos seus fins”, continuou. E quando a multidão fez ouvir o seu desagrado com Trump, Obama urgiu: “não apupem, votem”.

Michelle: “A esperança está de volta”

Oito anos depois do célebre discurso em que disse “quando eles descem, nós subimos ainda mais”, a ex-primeira dama Michelle Obama fez levantar a audiência da convenção democrata declarando que a esperança regressou com a nomeação de Kamala Harris.

“América, a esperança está de volta”, afirmou Michelle Obama, falando de “algo maravilhosamente mágico” que está a sentir-se no ar em todo o país. “É o poder contagioso da esperança”, caracterizou, traçando um paralelo com a energia da campanha do marido, Barack Obama, que o levou a ser eleito em 2008.

Kamala Harris está mais do que pronta para este momento”, afirmou a ex-primeira dama. “Ela é uma das pessoas mais qualificadas de sempre a candidatar-se à presidência e uma das mais dignas”, continuou. “É a encarnação das histórias que contamos sobre este país”.

Obama lembrou as origens de Harris, filha de emigrantes que estudou, trabalhou e subiu a pulso até chegar a vice-presidente.

“Ninguém tem um monopólio sobre o que significa ser americano”, apontou Obama. “Ela entende que a maioria de nós nunca terá o benefício de falhar para a frente. Nunca iremos beneficiar da ação afirmativa da riqueza geracional”.

Michelle Obama referia-se às críticas que o oponente republicano Donald Trump tem atirado contra Kamala Harris, clamando que ela só foi escolhida como parte de políticas DEI (diversidade, equidade e inclusão) e ação afirmativa por ser afro-indiana-americana.

Trump e o “medo de pessoas negras bem-sucedidas”

A ex-primeira dama avisou que os opositores vão “fazer de tudo para distorcer a verdade” e apontou que Donald Trump fez o máximo que pode durante anos para que as pessoas temessem os Obamas.

“A sua visão limitada do mundo fê-lo ter medo de duas pessoas bem-sucedidas que, por acaso, eram negras”, afirmou. “É o mesmo golpe de sempre. Insistir nas ideias misóginas e racistas”.

Obama considerou que o país “merece muito melhor que isto” e será preciso casar a esperança com ação.

“Vamos mais alto, sempre mais alto do que alguma vez fomos antes”, disse, ao fechar o discurso, voltando ao que afirmou em 2016, na convenção que consagrou Hillary Clinton.

“Não se enganem: vai ser uma luta”

Apesar de tudo, os Obama também fizeram questão de avisar os democratas de que a corrida continua a ser extremamente renhida: uma mão cheia de estados-chave vai decidir tudo.

“Não se enganem: vai ser uma luta”, disse Barack Obama — uma questão que a ex-primeira dama fez questão de frisar ainda mais.

Tal como Hillary Clinton fez no seu discurso no primeiro dia da convenção em Chicago, também Michelle alertou que o entusiasmo e as sondagens positivas não podem levar à complacência ou divisão.

“Esta vai ser uma batalha difícil”, avisou. “Só temos dois meses e meio para conseguir fazer isto. Não nos podemos dar ao luxo de ficar sentados à espera que nos chamem. Estou a dizer-vos a todos, façam alguma coisa”.

Esse momento originou cânticos entusiasmados de “do something” (“façam alguma coisa”), uma expressão que, disse Michelle Obama, a mãe de Kamala Harris lhe dizia: fazer alguma coisa em vez de apenas se queixar.

Harris tem vantagem nas médias das sondagens nacionais, mas os investigadores alertam para o facto de a corrida continuar a ser um empate virtual nos poucos estados do campo de batalha que, em última análise, decidirão quem ganha ao abrigo do sistema de colégio eleitoral americano.

“Amo-vos”. Biden nem parecia o mesmo

Com voz firme, forte e percetível, foi surpresa para todos o facto de o ainda presidente Joe Biden abrir a noite e não encerrá-la, em tom de despedida. Discursou durante 50 minutos, sem polémicas ou gafes: nem parecia o mesmo que apareceu no debate desastroso contra Trump e que chocou toda a gente.

Perante uma multidão acolhedora — que gritava, de pé e a aplaudir, “we love Joe” (“amamos o Joe”) —o presidente gritou “amo-vos” de volta, acompanhado pela filha, numa noite que pode ser entendida como o seu funeral político.

“Faltam cinco meses para a minha presidência”, disse. “Tenho muito que fazer. Tenciono fazê-lo. Foi a honra da minha vida servir como vosso presidente. Gosto muito do meu trabalho, mas gosto mais do meu país.”

“Cometi muitos erros na minha carreira, mas dei o meu melhor durante 50 anos. Tal como muitos de vós, dei o meu coração e a minha alma à nossa nação”, disse, sobre o seu longo percurso na política.

A convenção nacional democrata decorre em Chicago até 22 de agosto, dia em que Kamala Harris aceitará oficialmente a nomeação como candidata presidencial.

Tomás Guimarães // Lusa

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5 Comments

  1. Obama fez um excelente retrato do pato Trump. Estranho é haver cerca de metade da América que não vê o mesmo, mesmo sendo claro.

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  2. Os “camones” são em média um bocado básicos.
    Só vêem cinzento escuro e cinzento claro, nem sequer preto/branco.
    È também fruto de um sistema educativo fraco que só nas universidades tem qualidade. Quem lá não chega, fica na média. O que convém à política, que pode “controlar a populaça” através da comunicação.
    Recordemos que, em geral, o pessoal não quer fazer o esforço de pensar, prefere ter tudo já pronto, mastigado, é só engolir. Nisto, Portugal não é diferente, não pensem.

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  3. Este sujeito que é o Pai da perigosa divisão que existe atualmente nos USA , nunca deixou o poder,

    O problema da politica é que só nos próximos 100 -200 anos se vai ver a destruição que ideologias demagogas criam.
    Só agora conseguimos ver os erros de Hitler, Mao Stalin e outros
    No presente dos factos a população dócil e desinformada protege e amplifica os malfeitores , e isso nulifica o que se poderia fazer de bem com o sistema democrático

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  4. Matik.. estranho é estes sujeitos terem estado no poder 12 dos últimos 16 anos , o pais estar um caos e mesmo assim , culparem o “outro” … tipo você vai á casa de banho e culpa quem vai entrar.. pelo cheiro..

    e VOCE não ver isso..

    Mas é como diz o “AH” o pessoal em geral não quer fazer o esforço para pensar.

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  5. Otto Matik: Quatro anos sem guerras. Um economia a florescer. O preço dos combustíveis baixos. Um nível de vida onde a classe média podia fazer um vida e guardar algum dinheiro.
    Para ti isto não interessa. Aconselho te a para de fumar essa merda e sair da cave dos teus pais.

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